Transmissão e distribuição de energia podem ser impactados por eventos climáticos extremos previstos para o verão
Apesar da robustez, as linhas de transmissão podem ser impactadas tanto pelas fortes ondas de calor, que elevam o consumo de energia e fazem com que elas operem bem próximas da capacidade máxima, quanto por eventos como chuvas torrenciais
O Brasil entra no verão com os reservatórios das hidrelétricas em níveis satisfatórios, uma maior oferta de energias renováveis e as térmicas de prontidão para despacho caso necessário. Por isso, a grande preocupação do setor neste final de ano não está na geração, mas nas áreas de transmissão e distribuição, que podem sofrer fortes impactos em função dos eventos climáticos extremos previstos para o período, segundo alerta a Climatempo.
Apesar da robustez, as linhas de transmissão podem ser impactadas tanto pelas fortes ondas de calor, que elevam o consumo de energia e fazem com que elas operem bem próximas da capacidade máxima, quanto por eventos como chuvas torrenciais, descargas elétricas e ventos extremos, que podem causar perturbações nas linhas e até mesmo queda de torres.
“O risco de falta de energia devido a problemas climáticos está em constante ascensão, uma vez que, apesar da robustez mantida nas linhas de distribuição e transmissão, os eventos meteorológicos extremos estão se intensificando e se tornando mais frequentes”, avalia Vitor Hassan, Head da vertical Energia da Climatempo. “Essa disparidade ganha proporções desequilibradas quando vemos que os projetos de infraestrutura foram concebidos há anos ou mesmo décadas.”
Para se ter uma ideia, as condições meteorológicas adversas e as queimadas foram responsáveis por quase metade das perturbações no segmento de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) em 2022. No mesmo período, 47% das interrupções no segmento de distribuição foram causadas por eventos climáticos intensos, totalizando 7,91 horas de interrupção das mais de 16,7 horas totais, segundo a ANEEL.
As análises da Climatempo apontam que as temperaturas deverão permanecer elevadas em boa parte da estação, com mais dias batendo a marca de 40oC, e um calor mais constante do que o registrado no mesmo período de 2022.
“O fenômeno El Niño vai se acentuar entre dezembro e janeiro, fazendo com que as temperaturas fiquem elevadas em boa parte do verão, com a ocorrência de mais dias ensolarados. E esse quadro também provocará muitas pancadas de chuva, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil”, observa Vinicius Henrique de Lima, climatologista da Climatempo.
Impacto na energia eólica e solar
A geração de energia renovável – majoritariamente dependente de operações ao ar livre – exige a exploração de recursos como vento, água e sol.
“Essa exposição direta aos elementos meteorológicos coloca essas operações sob constante ameaça de eventos climáticos extremos, comprometendo não apenas a operacionalidade, mas também a eficiência e a capacidade de planejar investimentos de longo prazo”, explica Hassan.
Nesse cenário, para assegurar a eficiência das linhas e integrar de maneira estratégica a manutenção dos equipamentos ao ar livre, é essencial estabelecer um planejamento antecipado e um monitoramento dos dados meteorológicos. Empresas privadas de meteorologia, como a Climatempo, investem fortemente para desenvolver tecnologias de monitoramento de riscos climáticos e previsão de cenários climáticos.
Para atender o setor, a Climatempo desenvolveu a nova versão do software SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo), com capacidade de integração de mais dados de satélites, rede de raios e estações meteorológicas. Este software conta também com acesso a meteorologistas e estudos de riscos climáticos direcionados para o ativo de interesse.
Além disso, a Climatempo também realiza eventos de conscientização e capacitação como o Primeiro Encontro Nacional de Mudanças Climáticas para o Setor de Energia (I EMSE), cuja edição de 2024 já está confirmada.