
Rafael Camarço, um produtor rural na região de Novo Repartimento, município do estado do Pará, comprou sua propriedade em 2017 sem ter conhecimento dos danos ambientais causados pelo antigo proprietário. O chamado “Passivo Ambiental”, que é a soma dos prejuízos ambientais causados. Rafael só percebeu essa situação em 2021 e procurou ajuda para resolver a regularização ambiental de sua propriedade.
Porém, com a demora pela regularização por meio dos órgãos públicos, Camarço procurou os Escritórios Verdes, programa do Fundo JBS pela Amazônia que oferece assistência técnica gratuita aos fornecedores de gado visando o compliance socioambiental da cadeia de fornecimento e a regularização ambiental de suas propriedades.
Ele compartilhou sua experiência:
“Essa fazenda foi comprada em 2017 e quando nós fizemos uma análise ambiental, ela tinha um Prodes de 2009, que era um dado do antigo proprietário. Esse foi um dos motivos que nos levou a procurar os Escritórios Verdes para poder regularizar essa área.”
Regularização ambiental
O Prodes é um sistema que monitora o desmatamento na Amazônia via satélite. No caso de Rafael, o sistema identificou áreas desmatadas ilegalmente que ele nem sabia que existiam. Ao se dar conta do problema, buscou ajuda dos Escritórios Verdes para regularizar a situação ambiental da propriedade.
Supervisora Regional dos Escritórios Verdes, Lorena Geyer, explicou:
“Depois de reconhecer essas áreas, o produtor aderiu ao PRA, que é o Programa de Regularização Ambiental. No PRA, foi submetido um projeto de recuperação para as áreas identificadas como desmatadas após 2008. O órgão ambiental aprovou o projeto de regularização, e com isso, o produtor firmou um termo de compromisso ambiental, comprometendo-se a recuperar essas áreas. Ou seja, essas áreas deixam de ser pasto e passam a ser reserva legal, ou seja, serão reflorestadas.”
Neste caso, Rafael optou por deixar a área se regenerar naturalmente e realizou ajustes em outros aspectos da propriedade. Isso trouxe bons resultados para ele, que faz parte do grupo de 6.700 fazendas já regularizadas com o auxílio dos Escritórios Verdes. A iniciativa conta com 19 unidades em todo o Brasil e, em apenas dois anos de atuação, já prestou assistência para mais de 19 mil propriedades.
Diretora de Sustentabilidade da JBS, Liège Vergili Correia, destacou a importância dos Escritórios Verdes.
“Esse projeto dos Escritórios Verdes tem uma importância enorme no processo de regularização, possibilitando que o produtor possa escolher com quem ele vai se relacionar e comercializar seu produto que ele faz em sua propriedade. Com os Escritórios Verdes, a gente conseguiu viabilizar que esse produtor se regularize em menor tempo do que os demais.”
Escritórios Verdes
A atuação dos Escritórios Verdes garante que os produtores com passivo ambiental nas fazendas tenham a possibilidade de se regularizar para não serem excluídos da cadeia da pecuária. O bloqueio e embargo das áreas impedem o acesso a crédito e a mercados comprometidos com a sustentabilidade e questões socioambientais.
Hoje, a regularização ambiental é um dos pré-requisitos para os negócios no campo. Rafael Camarço enfatiza a importância da sustentabilidade e da regularização ambiental: “É muito importante a sustentabilidade e a regularização ambiental, pois ao estar correto com a lei, você atinge todos os mercados com seus produtos. Essa é a importância.”
A atuação dos Escritórios Verdes tem sido fundamental na regularização ambiental de propriedades rurais na região da Amazônia e é uma parte importante dos esforços para preservar o meio ambiente na região.
Para além dos números, o sucesso do programa também vem sendo salientado por importantes stakeholders no Brasil e no exterior. Um levantamento inédito patrocinado pelo governo do Reino Unido acaba de destacar os Escritórios Verdes como uma prática ambiental exemplar.
O programa de Escritórios Verdes atingiu inclusive no ano de 2023, o marco de 2.000 hectares destinados à recuperação florestal, uma área equivalente a 2.000 campos de futebol.
Por Michelle Jardim com edição de Guilherme Nannini