
Um estudo do ACI Institute, da KPMG, aponta que as companhias brasileiras estão cada vez mais comprometidas com a transparência e a sustentabilidade. A edição mais recente do estudo, divulgada nesta terça-feira (31), mostra que 76% das companhias abertas no Brasil divulgaram informações referentes a ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) em seus formulários de referência.
Este é um aumento de 12% em relação à edição anterior, publicada em 2022. O estudo teve como base os formulários de referência de 282 companhias abertas.
Entre as empresas que divulgaram informações ESG, 65% estão atrelando indicadores ESG à remuneração variável de conselhos de administração e C-levels.
O estudo também evidenciou um aumento contínuo de empresas com informações ESG auditadas ou revisadas por entidade independente. Em 2019, eram 43%, agora são 57%.
Mais da metade (66%) das empresas realizam inventários de emissão de gases do efeito estufa e 91% delas consideram uma matriz de materialidade e/ou indicadores-chave de desempenho ESG como uma das novas exigências do formulário de referência.
Entre as diretrizes mais adotadas para o reporte das informações, destaca-se a Global Reporting Initiative (GRI), seguida por 96% das empresas que divulgam dados ESG.
“Em 2023, entraram em vigor novas regras de preenchimento do formulário de referência. O novo modelo endereça o maior ativismo de investidores e demais stakeholders por mais transparência e regras de governança mais robustas. Em consonância com a evolução de pautas internacionais, e o cenário regulatório em diferentes jurisdições, o novo formulário de referência reforça temas em ascensão, como sustentabilidade, diversidade, transparência e accountability”, afirma Sidney Ito, CEO do ACI Institute Brasil e sócio em Riscos e Governança Corporativa da KPMG no Brasil.
Gestão de riscos, compliance e controles internos
A publicação também constatou uma alta na preocupação com as estruturas de gestão de riscos, compliance e controles internos: 91% das companhias informaram adotar uma política formalizada de gerenciamento de riscos e 82% disseram contar com uma área específica destinada a essa função.
Atualmente, os cinco principais fatores de riscos divulgados pelas empresas são: riscos financeiros e de caixa (47%); condições políticas, econômicas e de mercado (39%); riscos operacionais (36%); riscos de segurança cibernética (29%); riscos associados à execução da estratégia de negócios e/ou plano de investimentos (24%).
Conselho de administração
Entre as organizações analisadas, houve um aumento nas que realizam avaliação do desempenho do conselho de administração (80%) e de seus membros individualmente (70%). No ano passado, esses índices eram de 74% e 59%, respectivamente.
A porcentagem de conselheiros independentes teve ligeira alta e chegou a 40%, 2% a mais que na edição anterior. A maioria das empresas (88%) também tem um comitê de auditoria para assessorar o conselho de administração, composto, em média, por 35% de conselheiros independentes.
Adicionalmente, 91% das companhias têm uma área de auditoria interna que se reporta diretamente ao conselho de administração.
Outro dado que merece atenção é que a porcentagem de empresas sem nenhuma mulher no conselho de administração caiu um ponto – passou de 29% para 28%. Considerando as respostas autodeclaradas, apenas 16% dos cargos em conselhos de administração, 15% na diretoria executiva e 17% nos conselhos fiscais são ocupados por mulheres.