Pesquisa revela impactos de práticas ESG nos pequenos negócios
O estudo aponta que mesmo apenas 14% das empresas conheçam a sigla ESG, quase 70% dos entrevistados afirmar já terem implementado políticas de sustentabilidade em seus negócios
Das micro e pequenas empresas, 86% dizem ter “pouco” ou “nenhum conhecimento” sobre a sigla ESG (Environmental, Social and Governance), que em tradução livre significa ambiental, social e governança.
O dado preocupante foi revelado por uma pesquisa nacional realizada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) e apresentada pelo Sebrae Mato Grosso no encontro “Panorama ESG dos Pequenos Negócios Brasileiros”, na terça-feira (15), em São Paulo.
O estudo também aponta um paradoxo no segmento: mesmo que apenas 14% das empresas conheçam a sigla ESG, quase 70% dos entrevistados afirmar já terem implementado políticas de sustentabilidade em seus negócios. A pesquisa de alcance nacional abrangeu todos os estados brasileiros e entrevistou 3.623 empresários, sendo 75% microempresas e 25% empresas de pequeno porte.
Segundo o presidente do Conselho Deliberativo Estadual (CDE) do Sebrae/MT, Jonas Alves, o resultado aponta para a necessidade de um trabalho contínuo para expandir a conscientização sobre a importância do ambiental, do social e da governança na operação desses pequenos negócios.
“Isso é cultural, nós temos que trabalhar junto aos nossos micros e pequenos empresários para ter essa consciência. Levar essa prática para as empresas é um trabalho que o Sebrae Nacional e todos as unidades da instituição no país terão que trabalhar fortemente para ampliar essa conscientização do micro e pequeno empresário”, pontuou o presidente do CDE.
Panorama ESG
O evento realizado em São Paulo reuniu pesquisadores, empresários e profissionais engajados no tema ESG.
Em três painéis foram discutidos os estudos conforme as temáticas da sigla ESG, quando foram revelados insights valiosos sobre como as empresas podem aliar impactos positivos a resultados financeiros, além do engajamento dos pequenos negócios brasileiros em relação às práticas sociais, ambientais e de governança.
O diretor Superintendente do Sebrae/SP, Nelson Hervey Costa, também reforçou o empenho para alavancar essas empresas e a importância da pesquisa para nortear os trabalhos que já fazem parte da agenda prioritária do Sebrae/SP. “Temos um desafio enquanto Sebrae de trazer a temática ESG como parte da formação e capacitação para as pequenas empresas. Investir em práticas ESG também é um diferencial do ponto de vista competitivo e de posicionamento da empresa, independentemente do tamanho”, ressaltou.
O diretor-técnico do Sebrae/MT, André Schelini, destacou que tais negócios possuem conhecimento intrínseco e estão engajados na missão de tornar o Brasil um protagonista na sustentabilidade global.
“É notável porque as empresas já adotam práticas de sustentabilidade, mesmo sem compreender plenamente os conceitos do ESG, ou ecotécnicas e outras práticas sustentáveis. O que importa é que essas empresas possuem uma conscientização intrínseca em relação ao protagonismo do Brasil na agenda 2030 de sustentabilidade. O Sebrae em Mato Grosso, por meio do CSS, desempenha um papel fundamental ao fornecer as melhores práticas e experiências de gestão para auxiliar as empresas na implementação dessas ações. É crucial apoiar essa jornada de transformação”, completa Schelini.
Empresas que inspiram
O pesquisador responsável pelo estudo, doutor Aron Belinky detalhou todos os detalhes cruciais tanto da curadoria da pesquisa, quanto dos resultados obtidos. Junto aos painelistas, Aron discutiu sobre a capacidade de obter simultaneamente práticas sustentáveis e lucros.
Acredito que a noção de antagonismo ou competição negativa entre os pilares ESG e os resultados de uma empresa está ultrapassada. Hoje, está claro que não apenas as empresas têm um desempenho superior quando adotam boas práticas ESG, mas também encontram mais oportunidades de negócios. Essas oportunidades irão aumentar à medida que grandes empresas demandem fornecedores menores que estejam qualificados e preparados para adotar tais práticas em suas cadeias produtivas.
Além disso, Belinky também falou sobre a busca de inspiração tanto em grandes negócios quanto em pequenas empresas para a implementação de práticas sustentáveis. “A pesquisa investigou o conhecimento das empresas sobre alguns referenciais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS], no Pacto Global da ONU. Essas são algumas referências que apontam para práticas sustentáveis. O Sebrae também mapeia diversas iniciativas e melhores práticas, fornecendo exemplos do que as empresas podem fazer.”
De acordo com o pesquisador, as empresas que conhecem o Centro Sebrae de Sustentabilidade apresentaram uma correlação notável com a adoção de práticas ESG. “Tivemos uma descoberta interessante identificada na pesquisa, e, surpreendentemente, as empresas que conhecem o Centro têm uma taxa muito maior de adoção e compreensão das práticas ESG”, finaliza.