Imaflora se une ao Google para rastrear origem da madeira extraída na Amazônia
Estima-se que com a rastreabilidade da madeira o Brasil poderia reduzir as emissões de178 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, o que representa 13% da meta brasileira até 2030.
Cerca de 40% da extração de madeira na Amazônia é irregular, segundo estudo conduzido pela Rede Simex, que reúne várias instituições de pesquisa, entre elas, o Imaflora.
O trabalho revela ainda que pelo menos 15% da retirada ilegal ocorreu dentro de áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação. Em todo o mundo, empresas e consumidores vêm pressionando cadeias de carne, soja e outras commodities que produzem em áreas livres de desmatamento.
No entanto, estas exigências ainda não atingiram a maior parte do setor madeireiro, que continua enfrentando desafios em relação à derrubada ilegal da floresta e à venda da madeira irregular a um preço mais baixo.
Por isso, o Google e a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), decidiram criar a iniciativa ‘Digitais da Floresta’, que trará um conjunto de inovações, entre elas uma plataforma de inteligência, para dar visibilidade à origem da madeira comercializada na Amazônia, a partir do uso de isótopos estáveis e do acesso a essas informações técnicas por toda a sociedade.
Métodos tradicionais de rastreabilidade usam informações para rastrear um produto por meio da cadeia de suprimentos. Mas, nessa iniciativa, vai além, propondo que a origem da madeira seja atestada mediante sua composição química e isotópica.
Rastreamento da madeira
O projeto de rastreamento da madeira amazônica é desenvolvido em parceria com o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Trase. Nele serão analisadas mais de 250 amostras de árvores nativas em 20 regiões do bioma, com foco nas espécies mais exploradas comercialmente.
Junto ao Imaflora, o Google também desenvolve um sistema aberto para permitir que qualquer organização ou entidade use os dados e rastreie a origem da madeira.
Futuramente, a análise da madeira e a base de dados será ampliada para que qualquer pessoa possa acessar e monitorar zonas de desmatamento, através de uma plataforma web e um aplicativo.
“Esta iniciativa tem a expectativa de trazer informação qualificada para os compradores e tomadores de decisão em termos dos riscos de ilegalidade existentes nas cadeias de suprimento de madeira na Amazônia. Esperamos que possa, deste modo, incentivar os produtores de madeira responsável a acessar mais facilmente os mercados. Esperamos também que esta plataforma apresente conteúdos que ajudem a promover a sociobiodiversidade da Amazônia”, diz Marco Lentini do Imaflora.
Segundo o Google, o produto final do projeto será uma plataforma de transparência para informar os consumidores sobre o nível de conformidade dos produtos derivados de madeira. Estima-se que esse esforço poderia reduzir as emissões do Brasil em 178 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, o que representa 13% da meta brasileira até 2030.