
A safra de algodão em Mato Grosso entra na reta final, reforçando o protagonismo do estado como maior produtor do país, responsável por cerca de 70% da fibra nacional, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
A colheita, que se estende de julho ao início de setembro, segue em ritmo acelerado. Em Primavera do Leste (MT), uma das regiões mais produtivas, a OpenAg Farm, fazenda modelo da UPL Brasil, demonstra como tecnologia e práticas sustentáveis se unem para garantir eficiência e rentabilidade mesmo em um mercado desafiador.
A propriedade funciona como vitrine tecnológica e centro de testes da multinacional indiana. Ao todo, a OpenAg Farm cultiva 6 mil hectares de algodão em três fazendas, localizadas em Primavera do Leste. Cerca de 80% da produção é destinada à exportação, com produtividade média de 320 arrobas por hectare.
Duas safras de algodão ao ano
Uma das características da região é que ela tem duas safras de algodão ao ano. O primeiro ciclo começa entre 15 e 20 de dezembro, enquanto a segunda, cultivada após a soja ou em áreas de sequeiro e pivôs, é plantada até o fim de janeiro.
A lavoura recebe monitoramento a cada três dias, com aplicação de adubos e defensivos, totalizando até 170 dias de cuidados até a colheita. Esse cuidado reflete a importância da cultura para o modelo produtivo da fazenda.
“No algodão a gente usa de 50 a 60% dos produtos da UPL. Na soja e no milho, esse número passa de 80%. Querendo ou não, no dia a dia nós somos uma vitrine da companhia. Recebemos produtores para conhecer o nosso manejo, o que é importante para benchmark e também para mostrar a linha de soluções da empresa”, explica Fernando Cirilo, diretor agrícola da OpenAg Farm.

Do caroço à pluma, nada se perde
Na OpenAg Farm, nada é descartado. A pluma, principal produto, é só o começo. Do caroço do algodão saem sementes, óleo e até matéria-prima para ração animal. A casquinha também ganha destino: pode ser usada como adubo orgânico nas lavouras. Essa lógica de aproveitamento total ajuda a reduzir perdas e aumenta o retorno econômico por hectare.
Além disso, a fazenda está entre as três maiores produtoras de sementes de algodão para a BASF no país. “Plantamos, cultivamos junto com o time, beneficiamos na nossa algodoeira e depois fazemos o deslintamento para que a semente se torne de qualidade”, afirma Cirilo.
O manejo eficiente é essencial para enfrentar custos elevados de insumos, preços instáveis e tecnologias caras. “O custo é o que a gente gerencia, porque trabalhamos a céu aberto e os riscos acontecem. Então, todos os dias falamos em custos e eficiência”, complementa.
Desafios de custo e mão de obra
Outro desafio é a mão de obra qualificada. Encontrar profissionais capazes de operar tecnologias de ponta tem se tornado cada vez mais difícil. Para reverter esse quadro, a empresa investe em treinamentos, valorização e oportunidades de carreira, buscando reter talentos no campo.
“Hoje há disponibilidade de pessoas, mas nem sempre com a qualificação que precisamos. O mercado está aquecido e a disputa por profissionais é grande. Por isso, temos que oferecer não apenas remuneração, mas também benefícios e oportunidades de crescimento. Nosso objetivo é mostrar que o trabalho no campo não é repetitivo, que há tecnologia e espaço para carreira. Esse é um pilar de sustentabilidade para o nosso negócio”, destaca Laura dos Anjos Sartoretto, gerente de RH e SSMA.