2024 é o ano mais quente da história? Arthur Muller analisa impactos no clima e na agricultura

Arthur Muller, meteorologista, explica por que 2024 está sendo apontado como o ano mais quente já registrado e os impactos do aquecimento dos oceanos no clima e na produção agrícola brasileira.

O ano de 2024 está prestes a entrar para a história como o mais quente já registrado, segundo análises apresentadas pelo meteorologista Arthur Muller no quadro Que Clima é Esse?. Muller trouxe dados alarmantes sobre o aumento das temperaturas médias globais e destacou como esses fenômenos podem impactar a agricultura no Brasil.

“Desde janeiro, as temperaturas médias deste ano superaram as de 2023, que até então era o ano mais quente da história. Isso é reflexo direto do aquecimento dos oceanos, que está alterando os padrões climáticos em todo o mundo”, explicou Muller.

Ele apresentou mapas de anomalias de temperatura da superfície dos oceanos, com destaque para o Pacífico Equatorial. “As águas aquecidas têm dificultado a formação da La Niña, um fenômeno climático que ajudaria a regular o clima. Isso atrasa chuvas importantes no Brasil e prejudica o planejamento agrícola.”

Impactos no agro brasileiro

O setor agrícola deve enfrentar desafios significativos por conta dessas alterações climáticas. A safra de 2024/2025, por exemplo, já apresenta atrasos no plantio devido à demora nas chuvas e ao calor extremo. Em estados como Mato Grosso e Minas Gerais, as chuvas recentes têm dificultado o trabalho em campo e podem comprometer a colheita, especialmente do milho segunda safra.

“Com o período chuvoso prolongado e janelas de colheita mais curtas, os produtores podem enfrentar perdas de produtividade, além de dificuldades logísticas. Isso exige planejamento redobrado por parte do setor agropecuário,” alertou Muller.

Apesar do cenário desafiador, o meteorologista mencionou uma possível melhora para a região Norte, com a recuperação gradual dos níveis de rios devido à diminuição das secas. “Essa mudança no Atlântico Norte é um ponto positivo, mas o impacto geral no agro ainda será sentido por muitos meses.”

Previsões e a necessidade de adaptação

Muller encerrou destacando a importância de entender que as mudanças climáticas estão moldando um novo normal. Ele comparou o ano de 2023 com o de 1997, quando um forte El Niño afetou o clima global. “Hoje, estamos enfrentando um aquecimento mais amplo e persistente, que pode durar de 8 a 12 meses, trazendo desafios não apenas para o agro, mas para toda a sociedade.”

Com essas análises, fica claro que o aquecimento global não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e estratégica para o Brasil, especialmente no setor agropecuário.