Unica e ApexBrasil firmam acordo para promover etanol brasileiro no Sul Global

O presidente da Unica, Evandro Gussi, disse que o etanol tem papel relevante em complementar a descarbonização da matriz global de transportes

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil) firmaram um acordo para promover o etanol brasileiro no Sul Global, principalmente na África e Ásia. O convênio deverá facilitar reuniões, eventos e missões entre o Brasil e esses países.

As ações devem começar entre o fim do primeiro e o início do segundo semestre deste ano. Os países que o projeto irá priorizar neste primeiro momento são, no continente africano, Angola, África do Sul, Moçambique, Quênia e Etiópia, além dos asiáticos Indonésia, Índia, Tailândia, Paquistão, Filipinas e Vietnã. Alguns países árabes podem ser inseridos em um segundo momento.

O acordo foi assinado durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, em Dubai, no fim do ano passado.

O papel do etanol na descarbonização

Mercado De Carbono, Carbono, Lei, Onu Diz Que Emissões De Co₂ Precisam Cair 42% Até 2030, Cni

Foto: Envato

O presidente da Unica, Evandro Gussi, disse que o etanol tem papel relevante em complementar a descarbonização da matriz global de transportes.

“Essa não é uma ideia nossa, isso quem diz é a Agência Internacional de Energia, que diz que a bioenergia – na qual o etanol está inserido – precisa triplicar até 2030 para que possamos realizar a transição energética”, disse.

Para isso acontecer, Gussi afirmou que será preciso ter “várias rotas tecnológicas capazes de entregar redução de emissões, de entregar descarbonização, e, com isso, vencer o grande desafio da humanidade no século 21”.

O etanol como solução para o Sul Global

Etanol De Milho

Foto: Planeta Campo

Gussi diz que os biocombustíveis cumprem um papel muito relevante no Sul Global, em que os países africanos e árabes estão inseridos.

“Por quê? O etanol, quando produzido com sustentabilidade, como fazemos no Brasil e como ele tem sido produzido no mundo, ou seja, sem desmatamento e sem competição com alimentos, é extremamente eficaz na redução das emissões, reduzindo até 90% das emissões em comparação com a gasolina”, informou.

Outro ponto importante que Gussi frisou foi o fato de que o etanol não demanda nenhum tipo de investimento ou mudança na infraestrutura já existente dos países, diferente das centenas de bilhões de dólares em investimento necessárias para se ter uma frota de carros elétricos.

“Se hoje eu pegar um país africano, um país árabe, e começar a fazer mistura de etanol na gasolina, eu não preciso mudar a infraestrutura. Aquele mesmo posto de combustível, aquele mesmo tanque de combustível, aquela mesma bomba de combustível que hoje põe uma gasolina sem etanol pode amanhã começar a colocar gasolina com 10% de etanol, com 20% de etanol e já começar a fazer redução de emissões imediatamente, porque nossos estudos mostram que até 20% de mistura [de etanol na gasolina] se pode fazer com carros no mundo inteiro – isso, falando só de veículos que não são flex”, contou o CEO.

A gasolina no Brasil hoje contém 27% de etanol, segundo o executivo. “Então a primeira parte do nosso conceito do projeto da ApexBrasil é que o etanol é uma solução rápida, fácil e barata para trazer a descarbonização imediatamente”, declarou.

Exportação

A primeira parte do trabalho do acordo, portanto, será exportar o conceito para que os países possam produzir o quanto for possível do seu próprio etanol, segundo Gussi.

“Então uma das mensagens que temos levado ao Sul Global é: Você tem condições de produzir etanol? Produza. Você estará reduzindo as emissões, não causará nenhum tipo de dano ao veículo, aos motores. Em geral, se o país é importador de petróleo vai melhorar sua balança comercial, vai gerar emprego, renda no campo, na cidade, e tendo uma solução que não vai importar em bilhões de dólares para a sociedade pagar de infraestrutura”, disse.

O Brasil exporta hoje cerca de 3% da produção, sobretudo para os Estados Unidos e Europa, segundo Gussi. “Mas com o caráter emergencial que o tema das mudanças climáticas tem assumido, a tendência é que isso se intensifique”, declarou.

Carros flex

Um terceiro passo seria o de incentivar as indústrias automobilísticas daqueles países a apostarem nos carros flex. “As grandes montadoras [no Brasil] têm apostado nos carros flex [aqueles movidos por etanol e gasolina], como a Toyota, Volkswagen, o grupo Stellantis – que tem marcas como Fiat, Chrysler