AGROBALSAS 2024: Feira se consolida como polo de conhecimento para o setor
O agronegócio brasileiro enfrenta desafios como a volatilidade dos preços das commodities, custos de produção crescentes e incertezas climáticas.
Produtores e visitantes que estiveram na agrobalsas nesta quarta-feira puderam acompanhar painéis técnicos de vários assuntos, de commodities como soja e milho à pecuária. A feira está na sua vigésima edição e, a cada ano que passa, tem se consolidado como um polo de difusão de conhecimento e tecnologia para o setor produtivo.
Foi a busca pelo conhecimento que fez a pecuarista Rossi Cavalcanti sair da cidade de Porto Franco, a 320 km de Balsas, para acompanhar as palestras do evento. Para ela, a troca de conhecimento é fundamental. “A gente tem acesso a um espaço como esse que tem um centro de pesquisa, onde teremos contato com tecnologias aplicadas na prática. Isso dá uma bagagem muito grande para a gente levar pra casa”, disse.
O cenário do agronegócio em Balsas, Maranhão, apresenta uma mescla de desafios e oportunidades em um contexto mundial de mudanças econômicas e políticas. Para o Professor Alisson David de Oliveira Martins, gerente executivo de estudos e pesquisa macroeconômicas do Etene – Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste, o agronegócio brasileiro enfrenta desafios como a volatilidade dos preços das commodities, custos de produção crescentes e incertezas climáticas.
O milho e a soja, por exemplo, são culturas muito impactadas pelas incertezas climáticas. “A safra mundial de soja prevista pela USDA em abril deste ano é recorde com 396,7 milhões de toneladas. Já o milho foi impulsionado por vários fatores como aumento de 3% das exportações de proteína animal e 37% do aumento da demanda por etanol”, comentou.
Martins conta que nos últimos dois meses houve um aumento no preço da soja. “O próprio câmbio e a demanda mais intensa aumentaram o preço da soja; além dos conflitos bélicos no mundo que trazem volatilidade nos preços”.
Se o contexto internacional é desafiador, por outro lado, o agronegócio nacional também se depara com oportunidades, como a crescente demanda global por alimentos, o avanço da tecnologia agrícola e o acesso a novos mercados internacionais.
Bioeconomia no Maranhão
A bioeconomia emerge como um importante vetor de desenvolvimento para o estado do Maranhão. O Cerrado é o segundo maior bioma do país, ocupando 2 milhões de km2, ou 25% do território nacional em vários estados, inclusive no sul do Maranhão e oeste do Piauí.
Esse bioma é a savana mais biodiversa do mundo; abriga um número estimado de 320 mil espécies de seres vivos; e é conhecido como o “berço das águas” por abarcar oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras e abastecer seis das oito grandes bacias hidrográficas do Brasil: Amazônica, Araguaia/Tocantins, Atlântico Norte/Nordeste, São Francisco, Atlântico Leste e Paraná/Paraguai). Além disso, é no Cerrado onde estão localizados três dos principais aquíferos do país: Bambuí, Urucuia e Guarani.
Um estudo recente da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) mostra que a bioeconomia nacional é capaz de levar a um faturamento industrial adicional de US$ 284 bilhões por ano até 2050.
Esse cenário oferece oportunidades para a diversificação da economia local e a geração de empregos, além de contribuir para a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável.
Novo Status Sanitário da Pecuária Maranhense
Na parte da tarde, Margarida Prazeres, da Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (AGES/MA), anunciou com entusiasmo o novo status sanitário da pecuária do estado, agora livre de aftosa sem vacinação. “Este é um marco histórico para a pecuária maranhense, que abre portas para o mercado internacional e fortalece a segurança alimentar”, destacou.
Enquanto isso, Daniel Sarmento, representante da INPASA, abordou a importância do DDGS (Distillers Dried Grains with Solubles) na alimentação animal e na sustentabilidade dos sistemas de produção. “O DDGS é um subproduto da indústria de etanol que oferece uma alternativa econômica e sustentável na nutrição animal”, explicou Sarmento.
Para otimizar a produção durante o período seco, estratégias como o confinamento e o boitel ganham destaque. O agropecuarista André Cervi enfatizou a importância dessas práticas. “O confinamento e o boitel permitem maximizar o ganho de peso dos animais mesmo durante a estação seca, garantindo a eficiência produtiva e o bem-estar dos animais”, ressaltou Cervi.
Além disso, a pecuária de alta genética tem se destacado como uma estratégia para aumentar a produtividade e a qualidade do rebanho. Valter Ribeiro de Andrade, especialista nesse segmento, enfatizou a importância do investimento em genética. “A pecuária de alta genética permite produzir animais mais resistentes, eficientes e adaptados às condições locais, garantindo maior rentabilidade e competitividade no mercado”, destacou Andrade.
Com a combinação de práticas sanitárias avançadas, inovações na alimentação animal e estratégias de manejo eficientes, a pecuária maranhense está se consolidando como um setor sustentável e de alto desempenho, preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado agropecuário nacional e internacional.