Algodão brasileiro reduz emissões de carbono e ganha força no mercado global
Iniciativa pioneira calcula a pegada de carbono do algodão brasileiro, promovendo práticas agrícolas ecológicas e abrindo novas oportunidades no mercado internacional.
O algodão brasileiro, uma das principais commodities do país, deu um passo importante na sustentabilidade com a realização do primeiro projeto detalhado de sua pegada de carbono no país. Liderada pela Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), a iniciativa visa posicionar o algodão como uma fibra natural e biodegradável na matriz competitiva têxtil global, dominada por produtos sintéticos derivados de petróleo, como o poliéster.
Fábio Carneiro, gestor de sustentabilidade da Abrapa, destacou a relevância desse trabalho: “Estamos juntando esforços para criar referências nacionais sobre as emissões de gases de efeito estufa e evidenciar o algodão como uma alternativa sustentável. Hoje, 75% da matriz têxtil é composta por produtos sintéticos, e precisamos demonstrar as vantagens de nossa fibra natural.”
A iniciativa também incluiu a atualização da calculadora do RenovaBio, colocando o caroço de algodão como uma nova opção dentro da matriz energética brasileira. Segundo Carneiro, essa integração representa uma oportunidade de diversificação e inovação no setor.
Desafios e resultados: um estudo que abrange 70 mil hectares
O estudo inicial foi realizado em áreas no Mato Grosso, maior produtor de algodão do Brasil, abrangendo mais de 70 mil hectares. Carneiro explicou que o principal desafio foi a complexidade do sistema produtivo. “O algodão não está sozinho. Faz parte dos sistemas de produção com safras rotativas, o que exige uma caracterização detalhada das propriedades, incluindo dados de desmatamento, comunidades e insumos como calcário e uréia.”
Os resultados são promissores. Em algumas áreas foi constatado um potencial de redução de emissões de até 32%. Essa redução está associada a práticas agrícolas como o uso eficiente de uréia, preferencialmente encapsulada, e o plantio direto atualizado, com rotação de culturas e cobertura vegetal.
“Essas práticas são essenciais para minimizar as emissões de carbono e promover a captura de carbono pelo solo”, ressaltou Carneiro.
Sustentabilidade como diferencial para mercados exigentes
A pegada de carbono do algodão brasileiro abre novas portas em mercados internacionais cada vez mais exigentes. “Quanto mais exigente o mercado, mais dados e informações são necessários para comprovar a sustentabilidade”, disse Carneiro. Ele ressaltou o trabalho da Abrapa desde 2012, com o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que garante práticas sustentáveis no campo.
Com o avanço em indicadores ambientais e sociais, o algodão brasileiro se posiciona como uma opção sustentável na cadeia têxtil global, atendendo à crescente demanda por fibras naturais com menor impacto ambiental.