Aquecimento global representa ameaça à portos brasileiros e pode prejudicar cadeias logísticas
Segundo pesquisa realizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários, dos 21 portos brasileiros analisados, sete já possuem alto risco de serem afetados por tempestades – entre eles Rio Grande, Aratu-Candeias e Cabedelo.
O aquecimento global faz parte de um dos maiores problemas já enfrentados pela humanidade. Entre as consequências da alta exacerbada das temperaturas no mundo estão a diminuição de geleiras, ondas de calor, elevação do nível dos oceanos e, principalmente, fenômenos meteorológicos extremos.
E os efeitos dessa crise humanitária já podem ser observados. Para ilustrar, segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Meteorologia da ONU, em 2021, a Sibéria registrou uma temperatura recorde de 38 C – a mais alta já sentida na região. Tais mudanças estão acontecendo de maneira rápida e tem um impacto direto na vida humana. E entre um dos muitos setores afetados, está o comércio exterior.
“O aumento da temperatura no planeta causa eventos climáticos extremos. O que afeta grande parte dos nossos processos logísticos, já que eles são realizados através do mar. Então, o setor marítimo é muito vulnerável a tempestades, ventanias, tufões e ciclones. Como a incidência desses eventos é maior com o aumento da temperatura, a situação se torna realmente preocupante”, afirma o diretor da Efficienza, Fábio Pizzamiglio.
Isso também é o que mostra a pesquisa realizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários, em conjunto com a Cooperação alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), em que segundo os resultados obtidos, dos 21 portos brasileiros analisados, sete já possuem alto risco de serem afetados por tempestades – entre eles Rio Grande, Aratu-Candeias e Cabedelo. Ainda segundo a pesquisa, a maior ameaça para esses setores portuários estarão no aumento e no agravamento da ocorrência de vendavais e tempestades, que devem aumentar até 2050.
E não é só no Brasil que há o impacto da ocorrência de eventos climáticos extremos. No ano de 2021, por exemplo, o Tufão In-Fa e o Tufão Chantu fez com que portos localizados em setores estratégicos fossem fechados, causando transtorno e atraso no transporte de mercadorias, o que – para Fábio – agrava uma crise já existente, caracterizada pela falta de contêineres e pelas restrições impostas pela Covid-19.
Para o especialista, “uma medida que poderia ser tomada – mas seria paliativa – é aumentar a estrutura dos portos e melhorar a capacidade de monitoramento meteorológico, dessa forma, o risco de dano estrutural é menor e há menos riscos de grandes prejuízos e, até mesmo, de acidentes graves que poderiam colocar em risco a integridade de vidas humanas.”
Ainda, de acordo com Pizzamiglio, “a solução real para o problema está em diminuir drasticamente as emissões de carbono, seguindo as recomendações do Acordo de Paris que foram propostas pela ONU. Devemos entender logo que esse é um problema urgente, que vai além das cadeias de exportação marítima, e representa, até mesmo, um risco para o futuro da vida humana no planeta.”
Fonte: Assessoria