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Azael Pizzolato Neto fala sobre o futuro da agricultura sustentável e desafios do agronegócio paulista

Em entrevista ao Planeta Campo Talks, Azael Pizzolato Neto discute as iniciativas sustentáveis do agronegócio paulista, desafios enfrentados pelos produtores de soja e como o Estado pode ser um exemplo para o país na produção responsável e na adaptação às mudanças climáticas.

Azael Pizzolato Neto fala sobre o futuro da agricultura sustentável e desafios do agronegócio paulista

Azael Pizzolato Neto, presidente da Aprosoja-SP, compartilhou sua visão sobre os principais desafios e oportunidades para o agronegócio no Brasil, com foco no Estado de São Paulo. Em um cenário de crescente demanda por produtos sustentáveis e o impacto das mudanças climáticas na produção agrícola, Pizzolato destacou a importância de uma agricultura legal e responsável, com ênfase na soja como um produto chave na economia global.

O agronegócio paulista, de acordo com Pizzolato, tem demonstrado um compromisso cada vez maior com a sustentabilidade. O Estado não apenas segue rigorosamente as leis ambientais, como também adota práticas que minimizam os impactos ambientais, respeitando os limites de desmatamento e incentivando a adoção de tecnologias verdes para a produção agrícola. No entanto, ele alerta que é preciso mais do que legislações para que a agricultura brasileira continue avançando de maneira sustentável.

A Soja Legal e a Sustentabilidade no Agronegócio Paulista

Pizzolato enfatizou a importância de respeitar as leis ambientais e trabalhar com uma produção de soja certificada, destacando o conceito de “soja legal”, que garante que a soja seja produzida de acordo com as normas ambientais e sociais vigentes. Ele mencionou que a Aprosoja-SP está empenhada em combater a produção ilegal e trabalhar para garantir que o mercado brasileiro continue a ser reconhecido internacionalmente por sua qualidade e sustentabilidade.

“É fundamental que o produtor que cumpre as leis e adota boas práticas seja recompensado”, disse Pizzolato. Ele acredita que a diferenciação de produtos, como a soja produzida de maneira sustentável, pode agregar valor e permitir o acesso a mercados internacionais exigentes, como o mercado japonês, que paga até 30% a mais por soja convencional, desde que cumpra critérios ambientais específicos.

Além disso, Pizzolato reforçou que é essencial que o mercado pague mais por esses produtos diferenciados, criando incentivos financeiros que recompensem os produtores que investem em práticas agrícolas sustentáveis. Nesse sentido, ele sugeriu que as políticas públicas devem incluir linhas de crédito específicas para quem opta por adotar essas práticas e tornar a agricultura brasileira mais competitiva em mercados globais.

Desafios Climáticos e a Necessidade de Capacitação

A questão da segurança hídrica e o acesso à água foram outros temas abordados na entrevista. Pizzolato destacou a importância de desburocratizar o acesso aos recursos hídricos e promover o uso eficiente da água, uma vez que o Brasil possui uma das maiores reservas de água doce do mundo, mas, paradoxalmente, uma baixa porcentagem de áreas irrigadas.

“Investir em tecnologias de irrigação é essencial para aumentar a produtividade, reduzir os riscos climáticos e melhorar a capacidade de armazenamento”, afirmou. A irrigação inteligente não só contribui para uma produção mais sustentável, mas também permite que o Brasil melhore sua competitividade, especialmente quando comparado a outros grandes produtores agrícolas. Ele ressaltou a importância de capacitar os produtores para a adoção dessas tecnologias e a necessidade de financiamento de longo prazo para a implementação de soluções que promovam uma agricultura mais eficiente.

A Crise de Armazenamento e a Logística no Agronegócio

Outro ponto crucial abordado na entrevista foi a logística e armazenamento. Pizzolato comentou sobre os gargalos no processo de armazenamento de grãos, especialmente após safras de grande volume, quando a infraestrutura de silos e armazéns não consegue atender à demanda. Ele explicou como a falta de capacidade de armazenamento pode afetar o preço dos grãos e, consequentemente, a rentabilidade dos produtores. Em alguns casos, o produtor é obrigado a vender sua produção a preços baixos devido à falta de espaço para estocagem.

A solução, de acordo com ele, está no investimento em infraestrutura de armazenamento, com silos descentralizados nas regiões produtivas, o que ajudaria a reduzir os custos de frete e minimizar a pressão sobre os preços, permitindo que os produtores tivessem mais controle sobre o momento da venda. “É fundamental que o produtor não apenas aumente sua área de cultivo, mas também invista na capacidade de armazenar sua produção”, enfatizou.

A COP30 e o Papel do Agronegócio no Combate às Mudanças Climáticas

Com a COP30 prevista para acontecer em Belém, no Pará, em 2025, Pizzolato destacou a importância de o Brasil apresentar o agronegócio de maneira responsável e sustentável durante o evento. Ele acredita que o agronegócio brasileiro tem uma grande oportunidade de mostrar ao mundo que o país é capaz de produzir alimentos de forma sustentável, preservando o meio ambiente e enfrentando os desafios climáticos.

“Precisamos garantir que a agricultura não seja vista como vilã, mas como parte da solução para a segurança alimentar e o combate às mudanças climáticas”, afirmou. Ele também sugeriu que as empresas do setor agropecuário se unam para criar fóruns de debate e ação, com o objetivo de influenciar as decisões globais sobre a agricultura sustentável.

A Sustentabilidade como Pilar do Agronegócio Brasileiro

Azael Pizzolato Neto concluiu a entrevista destacando que a agricultura brasileira tem todas as condições para se tornar um exemplo mundial de produção sustentável e eficiente. Ele reforçou a importância de se investir em tecnologias verdes, melhorar a infraestrutura logística e garantir que os produtores tenham acesso a crédito e recursos para continuar investindo em uma agricultura mais sustentável. O futuro do agronegócio depende de um equilíbrio entre a produtividade, a responsabilidade ambiental e a justiça social, algo que ele acredita ser possível com o apoio de políticas públicas adequadas e com o engajamento de todos os elos da cadeia produtiva.