TESOURO DO CERRADO

Baru ganha força como bioativo estratégico na nova economia florestal

Castanha do cerrado impulsiona renda de produtores, melhora a pecuária tropical e avança como ingrediente versátil na indústria de alimentos e bioativos.

Baru ganha força como bioativo estratégico na nova economia florestal

A castanha de baru, típica do cerrado brasileiro, tem se destacado não apenas por seu valor nutricional, mas também como peça-chave na nova economia de base florestal. Em entrevista ao Planeta Campo, Ricardo Gomes, COO da Bio2Me, falou sobre o potencial do baru para gerar renda, contribuir com a pecuária tropical e oferecer alternativas sustentáveis à indústria de alimentos e bioativos.

O baru é um verdadeiro superalimento. Ele é rico em proteínas, fibras, minerais e antioxidantes. Associado a uma árvore símbolo do cerrado, representa uma oportunidade de aliar negócios, saúde e conservação ambiental”, explicou Ricardo.


Castanha torrada, óleo, farinha e sombra para o gado

Atualmente, o carro-chefe da Bio2Me é a castanha de baru torrada, bastante aceita pelo consumidor. A empresa também desenvolve produtos como óleo e farinha. Além disso, aposta no cultivo próprio de baru em propriedades rurais de Goiás, em paralelo ao trabalho com pequenos produtores organizados em cooperativas.

A árvore do baru, de copa larga e frondosa, oferece sombra natural para os rebanhos, melhorando o conforto térmico e, consequentemente, a produtividade na pecuária leiteira. Como leguminosa, ela também contribui com a fixação de nitrogênio no solo e melhora a infiltração de água, colaborando com a sustentabilidade do sistema de produção.

“Uma única árvore pode produzir até 150 kg de frutos por ano, o que pode render cerca de R$ 400 por planta, chegando a R$ 40 mil por hectare”, destaca Ricardo.


Substituto ao milho e alternativa na nutrição animal

Outro destaque é o uso da poupa do baru — que representa 95% do fruto — na alimentação animal. Estudos realizados em parceria com a Universidade Federal do Piauí indicam que o baru pode substituir o milho em dietas de ruminantes, trazendo mais fibras e carboidratos ao cardápio dos animais.

“A pesquisa mostrou que o baru pode ser incorporado com excelentes resultados. É uma alternativa viável, especialmente em tempos de altos custos com insumos tradicionais”, afirma o COO da Bio2Me.

A poupa triturada, que antes era subaproveitada, passa a ter valor econômico e funcional, o que agrega rentabilidade e reduz desperdícios.


Inovação tecnológica para o pequeno produtor

Para superar um dos maiores gargalos da cadeia produtiva do baru — a quebra da castanha — a Bio2Me desenvolve, em parceria com o Instituto Federal da Paraíba, uma máquina automática de quebra. O equipamento tem potencial de revolucionar o acesso dos pequenos produtores ao beneficiamento da castanha, ampliando sua competitividade e lucro.

“Queremos democratizar o acesso à tecnologia para que o baru possa de fato transformar realidades no campo”, reforça Ricardo.


Novo símbolo de equilíbrio entre economia e conservação

A história do baru representa um modelo de desenvolvimento sustentável, onde floresta em pé, produtividade e inovação andam juntos. Além de movimentar a economia local, especialmente em comunidades tradicionais e cooperativas, o fruto do cerrado contribui com a transição para sistemas agropecuários mais resilientes, reforçando a importância da diversificação de culturas e da valorização da biodiversidade brasileira.