Bioplásticos de Cana: Como o Brasil pode liderar o mercado global sustentável
Com tecnologia avançada e recursos abundantes, o Brasil tem potencial para liderar a produção de bioplásticos a partir da cana-de-açúcar, promovendo a descarbonização global e reduzindo a poluição por plásticos fósseis.
O Brasil está a um passo de liderar o mercado global de bioplásticos, especialmente os derivados da cana-de-açúcar, que apresentam propriedades similares aos plásticos fósseis, mas com um impacto ambiental significativamente menor. Essa foi a análise de Thayse Hernandes, engenheira agrícola e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em entrevista ao Planeta Campo.
Vantagens do Brasil no Mercado de Bioplásticos
Segundo Thayse, o país possui dois grandes diferenciais: domínio tecnológico na produção de bioplásticos a partir do etanol da cana e vasta disponibilidade de áreas cultiváveis para biomassa sustentável. “Em termos econômicos, isso traz uma diversificação importante no portfólio do setor energético, consolidando o Brasil como protagonista na descarbonização da economia mundial”, destacou a pesquisadora.
O polietileno produzido da cana tem aplicações diversas, desde embalagens de produtos de limpeza e cosméticos até setores como construção civil e agropecuária. Apesar da produção ainda limitada, Thayse menciona que empresas brasileiras já estão em negociações com mercados internacionais, especialmente na Ásia.
Desafios Tecnológicos e Econômicos
Apesar das vantagens, o Brasil enfrenta desafios significativos para ampliar sua produção. O principal entrave, de acordo com a especialista, é a competição pelo uso da terra. “A expansão para áreas degradadas, como pastagens, pode minimizar o impacto ambiental e maximizar os benefícios econômicos e ecológicos”, explicou Thayse.
Benefícios Ambientais dos Bioplásticos
A maior contribuição dos bioplásticos para a sustentabilidade está na mitigação das emissões de gases de efeito estufa. “Nosso estudo apontou que, se o Brasil suprir a demanda global de bioplásticos até 2050, isso pode mitigar cerca de 50 milhões de toneladas de CO₂ equivalente por ano, o que representa 15% das emissões do setor energético brasileiro atualmente”, revelou Thayse.
Embora o bioplástico derivado da cana não seja biodegradável, ele é reciclável, o que reforça a necessidade de uma gestão eficiente de resíduos no fim de sua cadeia de vida.
Brasil e a Bioeconomia na COP 30
A proximidade da COP 30, que será realizada em Belém em 2025, reforça o potencial do Brasil em liderar a bioeconomia global. “Temos vantagens competitivas únicas e já somos referência em matriz energética renovável. Essa conferência será uma oportunidade para destacar nossas soluções e ampliar nossa liderança no setor”, concluiu a pesquisadora.
Com tecnologia de ponta e estratégias para superar os desafios, o Brasil está pronto para impulsionar uma revolução no mercado global de bioplásticos, promovendo sustentabilidade e inovação.