
A produção de algodão no Brasil é um exemplo de sustentabilidade e rastreabilidade no agronegócio. Na safra 2023/2024, mais de 3 milhões de toneladas foram certificadas pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), abrangendo 450 propriedades e representando 84% da produção nacional. O crescimento de mais de 20% em relação ao ciclo anterior reforça o compromisso do setor com as boas práticas ambientais, sociais e econômicas.
Em entrevista ao Planeta Campo, Gustavo Piccoli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), destacou a evolução da certificação e o impacto positivo dessa iniciativa para a consolidação do Brasil como líder mundial na exportação de algodão. “Esse número representa o compromisso do produtor e das associações estaduais em garantir que a produção seja cada vez mais responsável. O ABR já tem mais de 10 anos e caminha para certificarmos praticamente 100% das propriedades”, afirmou Piccoli.
Boas práticas dentro e fora da porteira
O programa ABR é fundamentado em três pilares: social, ambiental e econômico. Na esfera social, as fazendas certificadas garantem condições de trabalho seguras, respeitam as normas trabalhistas e promovem o bem-estar dos colaboradores. No aspecto ambiental, os produtores adotam técnicas sustentáveis, como o manejo integrado de pragas (MIP), uso de insumos biológicos, proteção de nascentes e redução do uso de defensivos químicos.
“O produtor de algodão tem usado cada vez mais tecnologia de ponta para mitigar impactos ambientais. O uso de bioinsumos e o MIP são estratégicos para manter a sanidade das lavouras com menos impacto”, ressaltou Piccoli.
A sustentabilidade do algodão brasileiro também se estende para além das fazendas. Iniciativas como o programa Sou de Algodão, o ABR Log e o ABR UBA garantem que toda a cadeia produtiva siga padrões de responsabilidade e rastreabilidade. “O Sou de Algodão certifica não só as lavouras, mas também confecções e marcas que utilizam nossa pluma. Já o ABR Log assegura uma logística eficiente e o ABR UBA monitora o beneficiamento do algodão”, explicou.
Desafios e o caminho para 100% da produção certificada
Apesar dos avanços, o setor algodoeiro ainda enfrenta desafios para universalizar a certificação. Segundo Piccoli, a qualidade da pluma e a ampliação dos mercados consumidores são prioridades. “Nosso foco é manter a qualidade e expandir as exportações. Trabalhamos em parceria com a Apex e o MAPA por meio do programa Cotton Brasil, levando nossa produção para o mundo”, disse.
Atualmente, o Brasil já é o maior exportador de algodão do mundo, posto alcançado desde 2023. O objetivo agora é consolidar essa liderança e fortalecer o consumo de algodão no mercado interno. “Precisamos conscientizar o consumidor sobre a importância do algodão natural em relação às fibras sintéticas, que têm maior impacto ambiental. A melhor escolha sempre será o algodão brasileiro certificado”, concluiu o presidente da Abrapa.