‘Brasil entra na Opep + para influenciar transição energética’, diz Lula
A entrada do Brasil na Organização gerou críticas por parte de ONG’s ambientalistas que viram o movimento como contraditório a proposta de descarbonização mundial
O Brasil anunciou neste sábado (2) que vai participar da Organização dos Países Produtores de Petróleo Plus (Opep+), que reúne grandes produtores de petróleo mais os seus aliados.
A decisão foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um evento em Dubai, no Emirados Árabes Unidos, onde ocorre a COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023.
Lula disse que a participação do Brasil na Opep+ é importante para que o país possa influenciar na transição energética, que pretende substituir o consumo de combustíveis fósseis por energia renovável para reduzir o aquecimento do planeta.
“Acho importante a gente participar porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram com o petróleo e fazer investimentos para que os continentes africano e a América Latina possam produzir os combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo o hidrogênio verde”, explicou Lula.
A Opep atualmente tem 13 membros, entre eles, Arábia Saudita, Venezuela, Iraque, Irã, Kuwait, Nigéria e Angola. Já a Opep + reúne outros dez países aliados dos membros permanentes, entre eles, estão Rússia, México, Malásia e Sudão.
O presidente Lula disse que o Brasil não vai ter poder de decisão na Opep + e que vai participar mais como um observador.
“Muita gente ficou assustada com a ideia de que o Brasil vai participar da Opep. O Brasil não vai participar da Opep, vai participar da Opep +, que nem eu participo do G7, é o G7 +. Eu escuto e só falo depois de eles tomarem a decisão, não apito nada”, destacou.
Ambientalistas criticam ação
A fala de Lula provocou críticas de organizações ambientais, que apontaram como a iniciativa contradiz o discurso do governo brasileiro de ser uma potência ambiental.
“O Brasil diz uma coisa, mas fez outra na COP 28. É inaceitável que o mesmo país que diz defender a meta de limitar o aquecimento global em 1.5º, agora esteja anunciando o seu alinhamento ao grupo dos maiores exportadores de petróleo do mundo”, critica Leandro Ramos, porta-voz do Greenpeace Brasil.
Ramos observa que, apesar de ainda não ser possível saber qual será o formato da Opep +, é de conhecimento público que a Opep funciona como um cartel para influenciar o preço internacional do petróleo por meio do controle da oferta.
“Anunciar a entrada do Brasil na organização em pleno ano de 2023, enquanto deveríamos estar preocupados em acelerar a transição energética do país e criar planos para eliminar os combustíveis fósseis progressivamente, é uma decisão completamente equivocada e perigosa, além de ser uma maneira errada de começar a construir pontes para a COP 30, que acontecerá em Belém em 2025”, reitera.
A WWF também criticou a decisão do governo brasileiro.
“Apesar dos sinais positivos quando se trata do combate ao desmatamento, é contraditório o anúncio da entrada do Brasil na Opep+. O movimento reforça o bloco de produtores de petróleo e vai na contramão da urgente e necessária transição energética que o Brasil e o mundo precisam para combater a crise climática”, disse a organização em texto oficial em seu site.
Com informações da Agência Brasil