Brasil pode ser o espelho para o mundo no debate ambiental

Para que o Brasil alcance toda essa potencialidade, o governo, a iniciativa privada e a sociedade civil precisam atuar em sinergia e com os mesmos objetivos

Uma matriz limpa com mais de 75% da energia proveniente de fontes renováveis/hidrelétricas; uma imensa floresta, em sua maioria, ainda, em pé e preservada; 80 milhões de hectares de pastagens degradadas que poderiam ser recuperadas para uso produtivo; bioenergia sustentável e know how agrícola; além de metais de baixo carbono e recursos minerais necessários à transição para carbono zero.

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Foto: Envato

Esses são os cinco principais ativos que tornam o Brasil potencial vencedor na mudança para uma economia carbono zero, segundo “A maratona da Amazônia”, desenvolvida pela AYA Earth Partners, o primeiro e maior ecossistema dedicado a acelerar a economia regenerativa e carbono zero do Brasil.

“Existe a necessidade de enfrentar a crise climática, isso está evidente na cabeça das pessoas. E a posição única que o Brasil tem nesse debate é consensual. O mundo descobriu uma demanda, que o Brasil sempre teve, recursos naturais que são a base para resolver os problemas climáticos”, explica João Paulo de Resende, assessor Especial do Ministro da Fazenda, reafirmando o potencial da agenda verde para o país.

“Podemos resolver a questão climática mais rápido e ser espelho para o restante do mundo”, finaliza.

E para que o Brasil alcance toda essa potencialidade o governo, a iniciativa privada e a sociedade civil precisam atuar em sinergia e com os mesmos objetivos.

No âmbito federal, o Ministério da Fazenda está desenvolvendo o plano de transformação ecológica quem, em sua primeira etapa, visa cumprir “o dever de casa” de descarbonização, tendo como principal bandeira a queda do desmatamento, com políticas públicas, algo que já obteve resultados importantes. Entre janeiro e agosto deste ano, por exemplo, a redução foi de 48%, em comparação com o mesmo período de 2022, segundo dados oficiais.

A segunda etapa do plano é permitir que o país possa produzir e exportar soluções energéticas. O país pode subsidiar energia para o restante do mundo, como biomassa e hidrogênio, ambos feitos de forma mais barata no Brasil, mas, pela falta de incentivos fiscais, esta produção está sendo feita nos Estados Unidos.

Dentro do Congresso, segundo o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, Arnaldo Jardim, ainda esse ano serão analisados temas importantíssimos da chamada agenda verde, como o marco de mercado de carbono, o combustível do futuro, as eólicas offshore e, mais recentemente, o programa de aceleração da transição energética.

“O Parlamento está sintonizado na questão ambiental. Avançamos bastante através da lei de crimes ambientais e do código florestal, por exemplo. A situação no mundo favorece o investimento no Brasil. Cabe a nós garantir regras estáveis e segurança jurídica”, comenta o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).

O debate sobre a economia verde é ampliado quando entra em questão a atuação do setor produtivo brasileiro. Dentro do setor de cosméticos, assim como em parte da indústria química, a sustentabilidade começa por manter a floresta em pé.

“A indústria de cosméticos veio da Amazônia, ela está no centro das nossas ações de descarbonização e bioeconomia. Social e ambiental têm de andar juntos para gerar desenvolvimento para a cadeia. Precisamos ter uma discussão clara sobre como gerar renda com os serviços ambientais”, justifica Ana Costa, vice-presidente de Sustentabilidade, Jurídico, Reputação e Comunicação Corporativa da Natura & Co América Latina.

Agenda verde não é exclusiva ou “um problema” apenas do agronegócio. Ela também tem extrema relevância em outros setores, como construção civil e siderúrgico, dentro da discussões da agenda ESG, seja por meio de programas de conscientização de desperdícios, valorização da economia circular ou no uso de tecnologias para criar produtos baixo carbono.

“Precisamos valorizar o que temos hoje, mesmo se não for a solução final, como o etanol, que já está disponível em todo o país, e é viável para a economia e para o planeta. Conseguimos aumentar 50% da produção de etanol na mesma área plantada que temos hoje”, exemplifica o Leonardo Pontes, CEO da Cosan Investimentos.

“Não podemos seguir alheios às mudanças climáticas e suas consequências. O Brasil tem uma chance única de mudar essa realidade, não só brasileira, mas também mundial. Cerca de 25% dos desafios que nós temos para a redução de carbono estão ligados especificamente ao nosso modelo de geração de energia internacional, onde o Brasil já é referência. Essa é uma das razões pela qual a AYA Earth Partners atua para articular a união entre os setores públicos e privados no Brasil: para que possamos cumprir o potencial de ser a única grande nação carbono zero antes de 2050. Para chegar lá, precisamos nos unir no compromisso de buscar uma economia mais verde,” declara a cofundadora da AYA Earth Partners Patricia Ellen.

Todo esse debate sobre papel do Brasil na economia verde mundial aconteceu durante evento promovido pelo Movimento Brasil Competitivo, que tem o tema da sustentabilidade como seu quinto pilar de atuação.

O MBC entende a importância da agenda para a sociedade, para a economia e para a competitividade, além de enxergar o grande potencial de dar ao Brasil o protagonismo num tema que se ainda não é, logo será o mais importante do mundo.

“Hoje temos uma condição extraordinária, precisamos usar nossa capacidade e não perder essa oportunidade. E se não tivermos a participação do Congresso, do Executivo, do empresariado e da sociedade civil, não iremos avançar. O compromisso do MBC é atuar junto a todas essas frentes para realizar um trabalho em conjunto e que traga resultados fantásticos”, finaliza Jorge Gerdau, presidente do conselho superior do MBC.