Café brasileiro e sustentabilidade: fazendas em Minas Gerais demonstram balanço negativo de carbono
Práticas descarbonizantes adotadas nas fazendas de café geram um balanço negativo de carbono, conforme estudo conduzido pelo Cecafé, reforçando o diferencial sustentável do café brasileiro.
A importância da Agricultura de Baixo Carbono no setor cafeeiro foi recentemente destacada por um estudo conduzido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Universidade de São Paulo (USP). O estudo, realizado em três regiões estratégicas de Minas Gerais — Cerrado, Matas de Minas e Sul de Minas —, revelou que as fazendas de café que adotam práticas sustentáveis conseguem reter em média 10,5 toneladas de dióxido de carbono equivalente por hectare.
Segundo Silvia Pizzol, diretora de sustentabilidade do Cecafé, Minas Gerais foi escolhida para esse estudo devido à sua relevância na produção nacional de café, representando 50% da safra brasileira. “Os resultados mostram que a adoção de boas práticas descarbonizantes, como o manejo sustentável do solo e a utilização de fertilizantes organominerais, pode transformar a agricultura tradicional em uma aliada na luta contra as mudanças climáticas”, explicou Pizzol.
As práticas sustentáveis mencionadas no estudo incluem a manutenção da fertilidade do solo, o uso racional de fertilizantes e a cobertura do solo com plantas que evitam a sua exposição direta. Essas técnicas não só contribuem para o sequestro de carbono, como também aumentam a resiliência das plantas a eventos climáticos extremos, oferecendo uma solução viável para o desenvolvimento sustentável da agricultura.
O estudo também analisou a importância das áreas de preservação permanente (APP) e reservas legais nas propriedades rurais, que, embora não sejam contabilizadas diretamente no balanço de carbono devido à sua obrigatoriedade legal, estocam uma quantidade significativa de carbono. “Cada hectare de café cultivado em Minas Gerais estoca, em média, 183 toneladas de dióxido de carbono na forma de APPs e reservas legais, um diferencial que reforça a sustentabilidade do café brasileiro”, ressaltou Pizzol.
Apesar dos resultados positivos, o estudo aponta para a necessidade de fortalecer a rastreabilidade na cadeia produtiva do café, como forma de garantir a transparência e a credibilidade dos dados apresentados. Silvia destacou que a promoção da imagem do café brasileiro nos mercados internacionais, como Europa, Estados Unidos e China, depende da capacidade do setor em comprovar a sustentabilidade de sua produção.