Clima em alerta: Arthur Müller explica o impacto das mudanças climáticas
Arthur Müller aborda os impactos do aquecimento global no agronegócio e destaca a importância da informação acessível para adaptação e decisões estratégicas.
O aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, enchentes avassaladoras e furacões cada vez mais severos, é um reflexo direto das mudanças climáticas e do aquecimento global. Em entrevista exclusiva ao programa Planeta Campo, Arthur Müller, meteorologista do Canal Rural, trouxe uma análise detalhada sobre como essas especificações impactam a agricultura brasileira e o que pode ser feito para minimizar os efeitos no campo.
“É fundamental diferenciar as mudanças climáticas de aquecimento global. Enquanto as mudanças climáticas são cíclicas e naturais, o aquecimento global é um foco acelerado pela ação humana, principalmente pela emissão de gases de efeito estufa”, explicou Arthur, destacando o papel das atividades industriais, energéticas e de transporte como principais fontes emissoras.
Um ano de alerta global
Segundo Müller, 2024 caminha para ser o primeiro ano a superar a marca de 1,5ºC de aumento na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais. Esse patamar, previsto como limite nas discussões das COPs, é um ponto crítico que acende o alerta para impactos irreversíveis. “Estamos observando extremos que antes eram considerados raros, como duas tempestades de categoria 5 em 10 dias na Flórida e registros de chuvas no Rio Grande do Sul e na Espanha”, apontou o especialista.
No Brasil, o impacto não é diferente. Secas extremas no Norte e Centro-Oeste contrastam com períodos de chuva intensa no Sul, afetando diretamente a produtividade agrícola e pecuária. “A chuva intensa prejudica pastagens, causa erosão no solo e, em alguns casos, danifica plantações inteiras. Por outro lado, secas prolongadas reduzem o volume hídrico e aumentam o risco de queimadas”, alertou.
Soluções para o campo
Müller defende que a adaptação climática e a tecnologia são caminhos essenciais para mitigar os impactos no agronegócio. Entre as ações recomendadas, ele destaca o uso de interferência de alta precisão para o planejamento das safras, a recuperação de áreas degradadas com sistemas integrados de trabalho, pecuários e florestais, além de práticas sustentáveis que reduzem a emissão de gases no setor.
“Tecnologias como sementes resistentes à seca, supervisão eficiente e monitoramento climático são ferramentas indispensáveis. Contudo, é preciso ir além: proteger nossas florestas e biodiversidade é vital para manter o equilíbrio do microclima regional”, disse o meteorologista.
Preservação para o futuro
Arthur Müller também reforçou a importância de uma comunicação clara e acessível sobre o tema. “De nada adianta termos dados científicos robustos se não conseguirmos traduzi-los para o produtor rural de maneira prática. Nosso objetivo é garantir que essa informação o ajude a tomar melhores decisões no campo”, afirmou.
Ele concluiu destacando a necessidade de um compromisso global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e preservar os recursos naturais. “Preservar não é uma concessão ao mundo externo; é um investimento para o futuro das próximas gerações e para a sustentabilidade do nosso agronegócio”, finalizou.
Com eventos extremos cada vez mais frequentes, o alerta é dado: é hora de unir esforços para adaptar e proteger o setor agropecuário, que é o pilar da segurança alimentar no Brasil e no mundo.