Clima extremo pode elevar preços de alimentos e afetar pequenos produtores, alerta especialista

Thiago de Oliveira, chefe da sessão de economia e desenvolvimento da CEAGESP, destaca que a seca e as variações climáticas atípicas podem aumentar os preços de alimentos como laranja, limão e hortaliças, prejudicando principalmente pequenos produtores.

Impactos dos extremos climáticos nos preços dos alimentos e no campo

As mudanças bruscas no clima, incluindo longos períodos de seca e calor intenso, já estão sendo sentidas pelo consumidor final, mas o impacto no campo é ainda mais grave. O setor agrícola, principalmente os pequenos produtores, enfrenta grandes desafios para lidar com a instabilidade climática, que pode provocar um aumento considerável nos preços de diversos produtos.

Thiago de Oliveira, chefe da sessão de economia e desenvolvimento da CEAGESP, explicou como os citros, especialmente laranjas e limões, estão entre os produtos mais vulneráveis às condições climáticas extremas. O setor, já fragilizado pela praga do greening, agora sofre também com a estiagem prolongada. Segundo Oliveira, a falta de chuvas e a necessidade de irrigação noturna elevam os custos de produção, o que inevitavelmente reflete no preço final.

“O calor atípico durante o inverno favoreceu a propagação do inseto vetor do greening, o que fez com que a incidência da praga aumentasse. O clima mais seco também dificulta o controle dessa doença”, explicou Oliveira, destacando que a irrigação, embora seja uma alternativa, encarece o processo produtivo.

Hortaliças e folhas também estão em risco

Além dos citros, os legumes e as hortaliças, que recentemente apresentaram queda de preços devido à boa colheita de inverno, também podem sofrer com a escassez de chuvas durante o crescimento das plantas na primavera. Thiago de Oliveira reforça que, se o clima seco persistir, os preços desses produtos podem voltar a subir nos próximos meses, pressionando ainda mais o bolso do consumidor.

“O setor de hortaliças é extremamente dependente do clima. Um desvio na sazonalidade impacta diretamente a produção. Se não houver chuvas suficientes na fase de desenvolvimento das plantas, os preços tendem a subir, afetando principalmente a colheita de folhas e legumes que está por vir”, afirma o especialista.

Adaptação dos pequenos produtores aos extremos climáticos

Os pequenos produtores, que já enfrentam dificuldades com recursos limitados, são os mais afetados pelas mudanças climáticas. Segundo Oliveira, a solução passa por políticas públicas que garantam o acesso à informação e tecnologias mais eficientes. Ele destaca três pilares fundamentais para que os pequenos agricultores possam se adaptar e mitigar os efeitos do clima adverso: extensão rural, técnicas agrícolas modernas e acesso ao crédito rural.

“A irrigação por gotejamento é um exemplo de técnica que pode ser implementada, permitindo uma economia significativa de água. Além disso, o uso de sementes e mudas melhoradas, resistentes à seca e pragas, também é crucial. Por fim, é necessário que os produtores tenham acesso a linhas de crédito para viabilizar essas melhorias”, pontua Oliveira.

A capacitação e o suporte técnico são essenciais para garantir que os pequenos produtores possam continuar suas atividades de forma sustentável, mesmo diante dos desafios climáticos. Sem essas medidas, o impacto no campo será severo, resultando em um aumento generalizado dos preços e na perda de produtividade.