Com tecnologia e prevenção, Brigada Aliança reduz impacto de incêndios em áreas rurais
Principal projeto da ONG Aliança da Terra é referência no controle de incêndios florestais em produção agrícola, florestas e cerrado
É possível conter o fogo? Exemplos bem-sucedidos revelam que sim. Os recentes incêndios em São Paulo, que devem resultar em prejuízos na ordem de R$ 1 bilhão somente ao agronegócio, certamente poderiam ser minimizados se as regiões atingidas estivessem mais bem preparadas para enfrentar situações como essa.
Há 15 anos, a ONG Aliança da Terra desenvolve o projeto Brigada Aliança, um programa que atua em áreas rurais e oferece treinamento voluntário de combate a incêndios por meio de uma equipe de especialistas, engajando comunidades locais, produtores rurais e pecuaristas para ajudar o setor na prevenção e combate a incêndios e outras emergências. Apenas nos últimos 25 dias, as equipes combateram 50 focos, um trabalho consistente e controlado, mesmo expostos ao fogo.
Em Goiás está um dos grandes exemplos bem-sucedidos da Brigada Aliança. Graças ao trabalho dos brigadistas, a área queimada em parques estaduais goianos caiu de forma expressiva nos últimos três anos. Dados da Aliança da Terra apontam que, neste período, foi registrada uma redução de área queimada entre 44% e 98% para a maior parte dos parques no estado. Resultados similares foram obtidos pela Brigada Aliança durante os anos de 2021 e 2022, quando atuou em uma área de 9 milhões de hectares no Pantanal.
Ações de prevenção, monitoramento intensivo e combates rápidos e qualificados foram realizados em 177 fazendas. Nessas propriedades, a redução de área queimada foi superior a 97% se comparado ao período anterior à chegada da Brigada Aliança.
Historicamente, os meses de agosto e setembro são os mais críticos para o combate aos incêndios florestais na maior parte do Brasil. A estação seca aliada à baixa umidade do ar e aos ventos fortes, que são registrados durante esses meses, favorecem a propagação do fogo. Foi exatamente essa combinação que contribuiu para o cenário de horror que os moradores de vários municípios paulistas viveram. Em apenas três dias, o estado registrou mais de 2.300 focos de incêndios. Foram queimados mais de 34 mil hectares em 14 regiões.
Vale destacar que para diversas áreas da Amazônia, Pantanal e Cerrado, o ano de 2024 também tem sido de recordes em termos de área queimada e registros de focos de calor.
Para quem acompanha de longe, a situação parece fora de controle, como se nenhuma ação fosse capaz de impedir a ocorrência e a voracidade do fogo. Mas a experiência da Brigada Aliança prova o contrário. Há resultados de sucesso a partir do trabalho de prevenção, monitoramento e combate ao fogo mesmo no período mais crítico para a ocorrência dos incêndios florestais.
Segundo a Diretora Geral da ONG Aliança da Terra, Caroline Nóbrega, em um dia extremamente crítico para o país em relação a ocorrência de incêndios, em Goiás nenhum parque estadual monitorado pela Brigada Aliança estava queimando. “Ali temos equipes qualificadas atuando, então podemos afirmar que, sim, existe solução”, afirma ela para cobrar do poder público que, ao invés de linhas de crédito pós tragédia, os governos precisam fomentar linhas de crédito para evitar que tragédias como essas aconteçam. “Existe muito a ser feito. Não se trata de uma mera fatalidade. É possível fazer diferente e a Brigada Aliança da Aliança da Terra comprova que há solução para o enfrentamento ao fogo das áreas privadas”, afirma.
Algumas ações preventivas podem contribuir com o agronegócio no enfrentamento do fogo. Caroline Nóbrega elenca as cinco principais:
– Criação e gestão de Brigadas Privadas
– Plano de Manejo Integrado do Fogo
– Treinamento constante de pessoas e tecnologias (drones, satélites, etc)
– Segurança de Brigadistas e Trabalhadores Rurais
– Planos de Operação e Combate
Para ela, o trabalho de prevenção se faz o ano inteiro. Quando pega fogo, as áreas públicas e privadas precisam ter por perto equipes qualificadas para o combate em vez de expor trabalhadores que não esse preparo na tentativa de minimizar o problema e colocar ainda mais vidas em risco. “Sem pessoas não há combate. Como a resposta da Brigada Aliança é muito rápida e qualificada, o fogo não evolui”, completa ela a respeito do programa.
Em caso de incêndios, não há outra solução: é preciso equipes treinadas, capacitadas e a postos. Tão importante quanto identificar princípios de incêndios é combatê-los de forma rápida e qualificada. A Brigada Aliança responde rapidamente aos acionamentos, com agilidade no deslocamento e no combate. Para manter essa prontidão, utiliza equipes treinadas, altamente capacitadas, que recebem qualificações continuadas e são munidas de equipamentos de ponta.
Criada em 2009, a Brigada Aliança reúne experientes guerreiros do fogo, equipados e preparados com apoio da elite do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), e atua no combate a incêndios em áreas rurais e florestais. Desde 2021, opera com equipes fixas na prevenção, controle e combate aos incêndios florestais em treze Unidades de Conservação de Goiás, em uma parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD).
“A gente tem soluções. Mas essa solução precisa passar necessariamente por prevenção e por equipes qualificadas. Não estou falando só da equipe da Brigada Aliança qualificada, mas também brigadas nas fazendas. A gente precisa de funcionários treinados e prontos para uma resposta”, conclui Nóbrega.