Confinamento de gado: como a adoção crescente da prática está impactando a sustentabilidade e a produção no Brasil

Em entrevista exclusiva, Walter Patrizi, especialista em nutrição de ruminantes, detalha o aumento do confinamento de gado no Brasil e seus efeitos na eficiência produtiva e na sustentabilidade ambiental.

Confinamento de gado: como a adoção crescente da prática está impactando a sustentabilidade e a produção no Brasil

O confinamento de gado no Brasil tem registrado um aumento expressivo nos últimos anos, com dados de 2024 apontando um crescimento de 11% no número de animais confinados, chegando a quase 8 milhões de cabeças. Essa prática, que já vem sendo adotada de forma crescente desde 2015, não só reflete um avanço na produtividade da pecuária nacional, mas também tem se mostrado uma estratégia eficiente para minimizar os impactos ambientais da atividade.

O aumento do confinamento no Brasil: o que está por trás desse crescimento?

Segundo Walter Patrizi, Gerente de Confinamento LatAm da dsm-firmenich, esse aumento expressivo é fruto de dois fatores principais: o ciclo pecuário e as margens de lucro mais favoráveis no final de 2024. “Parte das fêmeas, especialmente as mais jovens, foram direcionadas ao confinamento, e isso contribuiu para a elevação da quantidade de gado nesse sistema. Além disso, a melhoria nas margens de lucro ao final do ano estimulou os produtores a aumentar o número de animais confinados”, explica Patrizi.

Sustentabilidade e eficiência: como o confinamento ajuda o meio ambiente?

O confinamento de gado é visto como uma alternativa mais sustentável quando comparado ao processo de engorda a pasto. “A cada animal confinado, economizamos cerca de 30 hectares de pastagem. Isso ocorre porque, no confinamento, a área utilizada por cabeça é muito menor, e é possível realizar três ciclos de engorda por ano, o que seria impossível em um sistema a pasto”, destaca o especialista.

Além da economia de terra, outro ponto crucial é o uso de resíduos agrícolas no confinamento. Esses resíduos, que não poderiam ser aproveitados na alimentação humana, são reciclados para alimentar os ruminantes, contribuindo para a redução da pegada de carbono da pecuária.

Bem-estar animal e qualidade da carne

Outro benefício do confinamento é o maior controle sobre o bem-estar dos animais, o que impacta diretamente na qualidade da carne. “Ao melhorar as condições de conforto e alimentação, conseguimos não só otimizar a produtividade, mas também garantir um produto final de melhor qualidade, o que é percebido pelos consumidores”, afirma Patrizi.

O futuro do confinamento em 2025: previsões para o setor

As expectativas para 2025 são positivas. Com o mercado mais fortalecido e uma previsão de rentabilidade mais estável, a tendência é que o número de animais confinados se mantenha alto, com resultados mais saudáveis para o produtor. “Com a valorização do bezerro e o ciclo pecuário em transição, esperamos uma manutenção dos números de confinamento, mas com uma perspectiva de lucro mais favorável”, conclui Walter Patrizi.