Conheça a saga do amendoim paulista: da porteira à produção

O estado de São Paulo lidera a produção de amendoim no Brasil, com 93% da produção nacional, e consome 42% do que produz

Você sabia que o amendoim é uma estrela em ascensão no estado de São Paulo?

O estado é o maior produtor nacional de amendoim, contribuindo com impressionantes 93% da produção total do país. Além disso, São Paulo consome 42% do amendoim que produz e ainda exporta para 115 países.

É surpreendente como um grão tão pequeno pode ter um impacto tão grande, não é mesmo? Neste artigo, vamos acompanhar a jornada dessa leguminosa desde dentro da porteira, com a rotação de culturas com a cana-de-açúcar, até o produto final, como paçoca, pé de moleque e outros petiscos saborosos.

Expansão e crescimento

A produção de amendoim no Brasil está em constante expansão, e nesta safra, a previsão é de mais de 724 mil toneladas, com um aumento de 8,9% em relação à safra anterior (2021/22). São números impressionantes que refletem a importância dessa cultura no cenário agrícola nacional. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relata que nos últimos oito anos, a produção brasileira cresceu cerca de 115%, e grande parte desse sucesso é creditada a São Paulo.

São Paulo é um estado diversificado, e a produção de amendoim está concentrada principalmente em duas regiões:

  1. Alta Mogiana: Localizada entre Ribeirão Preto e Jaboticabal, esta região é um dos principais polos de cultivo de amendoim no estado.
  2. Alta Paulista: Estendendo-se entre as cidades de Marília e Tupã, esta área também desempenha um papel significativo na produção de amendoim em São Paulo.

Rotação de cultura com a cana-de-açúcar

Dentro da porteira, principalmente na região da Alta Mogiana, o manejo do amendoim é baseado na rotação de culturas com a cana-de-açúcar. Isso não apenas permite uma utilização eficiente da terra, mas também oferece benefícios sociais, como a manutenção de empregos nas propriedades rurais. Walter Aparecido Luiz de Souza, ou Waltinho para os amigos, compartilha sua história:

“A gente era um pequeno produtor de cana-de-açúcar. E aí, na época da reforma, começamos a plantar amendoim ou outra variedade na época. Daí para frente, vimos uma oportunidade de a família crescer fazendo rotação de amendoim com cana-de-açúcar e uma oportunidade de manter os funcionários na propriedade.”

Além de manter empregos, o olhar visionário de Waltinho contribuiu para inovações na cadeia produtiva do amendoim, como a introdução de tecnologia na produção e processamento.

Amendoim: inovação e melhoramento genético

A tecnologia na produção de amendoim não se limita apenas à mecanização. O melhoramento genético das sementes desempenha um papel crucial no aumento da produtividade e na redução do uso de defensivos agrícolas. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) desenvolve cerca de 70% das variedades de amendoim usadas no estado, adaptando-as às necessidades dos produtores.

Segundo Marcus Doniseti Michelotto, pesquisador do IAC:

“Sementes são muito importantes, pois representam o primeiro passo para um bom plantio. O IAC desenvolve cultivares para atender às diferentes necessidades dos produtores, seja para um ciclo mais curto, maior produtividade ou maior tolerância a doenças, como a mancha preta, que é a principal doença da cultura. Isso nos permite manter altas produtividades e reduzir o uso de fungicidas.”

As sementes desenvolvidas pelo IAC são fornecidas para parceiros, onde passam por tratamento e análises de qualidade antes de serem plantadas no campo. Após as colheitas, as sementes são reproduzidas a cada safra, mantendo a qualidade e a produtividade da cultura.

O amendoim é uma cultura em crescimento em São Paulo, impulsionada pelo compromisso dos produtores em inovar e adotar tecnologias modernas. À medida que essa leguminosa continua a ser uma parte essencial da agricultura do estado, sua jornada desde a porteira até os produtos finais, como a paçoca e o pé de moleque, é um testemunho da grandeza alcançada por um grão tão pequeno.