COP28 avalia ação de países contra aquecimento global
A análise servirá de base para a COP30, em 2025, quando o Acordo de Paris completará 10 anos
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) começou nesta quinta-feira (30) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Reunindo representantes de cerca de 200 países e 70 mil pessoas, a COP 28 deve apresentar, pela primeira vez, um balanço global de como cada país está atuando para cumprir com o Acordo de Paris, quando as nações se comprometeram a limitar o aumento da temperatura da terra a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais durante a COP 21 realizada em Paris.
COP terá avaliação das contribuições dos países
Pela primeira vez desde o Acordo, serão avaliadas as contribuições dos países para a redução do aquecimento da terra. A análise servirá de base para a COP30, em 2025, quando o Acordo de Paris completará 10 anos, e está prevista a adoção de novas medidas para mitigar o aquecimento da terra.
“A COP 28 faz uma revisão do que foi proposto nas edições passadas e verifica como cada país tem evoluído. Ela é uma prestação de contas de cada país”, explicou Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP). Segundo Côrtes, os acordos climáticos não punem os países que não os cumprem.
“É como se fosse um puxão de orelha só. Dizem: ‘vocês poderiam ter reduzido mais e não o fizeram’, e os representantes do país vão tentar explicar os motivos, mas o que a gente verifica é que países como Estados Unidos e China acabam não abraçando essas causas tanto quanto poderiam e deveriam”, destacou.
Meta de limite do aquecimento global
Outra expectativa durante a COP é a da reafirmação do compromisso assumido pelos países de manter a meta de aumento da temperatura em 1,5 °C em comparação aos níveis pré-industriais. A diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen Oliveira, ressaltou que existe um risco de essa meta ser revista.
“Infelizmente, este é um debate que está na mesa. Às vezes, os próprios textos das discussões sobre o clima usam o termo ‘preferencialmente’ ao citar a necessidade de não passar a meta de 1,5 °C. Mas nós sabemos que não é uma questão de preferência, é uma questão obrigatória frente as consequências danosas das mudanças do clima”, afirmou.
Emissões de gases do efeito estufa
Em relatório anual divulgado no último dia 20, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) informou que o mundo pode aumentar a temperatura em até 2,9 °C até 2100 se não houver mudanças nas políticas atuais. O número é quase o dobro do limite fixado pelo Acordo de Paris. O documento também registrou aumento de 1,2% da emissão de gases do efeito estufa entre 2021 e 2022.
“É a maior quantidade jamais registrada. Salvo o setor do transporte, os demais setores repuseram inteiramente as quedas de emissões causadas pela pandemia de covid-19 e agora superam os níveis de 2019”, diz a Organização das Nações Unidas (ONU).
“O mundo está muito fora de rota para conseguir limitar o aumento da temperatura em 1,5 °C. Então, é preciso fazer muito mais, e isso passa pela eliminação dos combustíveis fósseis”, defendeu a coordenadora adjunta de Política Internacional do Observatório do Clima, Stela Herschmann.
Stela acrescentou que está em andamento uma articulação para prorrogar a produção de combustíveis fósseis por meio do uso de tecnologias que mitigam sua utilização, como a captura de carbono, que filtra os gases jogados na atmosfera e os armazena.
“São tentativas dos produtores de petróleo de estender a vida útil de sua produção. O que os cientistas do mundo falam é que precisamos reduzir de maneira drástica as emissões. Não temos tempo a perder com essas soluções tecnológicas que não são viáveis economicamente e que não têm larga escala”, destacou.
Por Agência Brasil