
No Planeta Campo Talks dessa semana, Alessandro Rodrigues, gerente de projetos e serviços ESG do Imaflora, destacou as principais estratégias para reduzir as emissões da agropecuária e posicionar o Brasil como referência global em práticas sustentáveis. Engenheiro agrônomo com 16 anos de experiência no Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, Alessandro reforçou que investir em sustentabilidade é também garantir a longevidade dos negócios no campo.
Agricultura regenerativa como ferramenta de transformação
Segundo o especialista, a agricultura regenerativa tem ganhado espaço entre produtores brasileiros. O conceito foca na saúde do solo, na biodiversidade e na redução do uso de insumos químicos, promovendo um sistema mais equilibrado e resiliente. Práticas como plantio direto, rotação de culturas, uso de bioinsumos e a manutenção da cobertura vegetal do solo são pilares da regeneração.
“O solo é o maior patrimônio da fazenda. Sem um solo vivo, não há produção. E quando bem manejado, ele também sequestra carbono da atmosfera”, destaca Alessandro.
Carbon on Track: medindo e valorizando o carbono no campo
O Imaflora também oferece o serviço Carbon on Track, que calcula o balanço de emissões e remoções de carbono em propriedades rurais. Com base no protocolo GHG brasileiro, a ferramenta avalia insumos como fertilizantes, combustíveis e agroquímicos, gerando relatórios técnicos e orientações para a redução das emissões.
“É uma trilha. A fazenda que quer percorrer esse caminho das baixas emissões precisa de gestão, dados e acompanhamento. E o mais legal é que temos muitos casos de sucesso, como na cafeicultura mineira, que mostrou resultados positivos em termos de sequestro de carbono”, relata.
Casos de sucesso e desafios no campo
Entre os exemplos mencionados, Alessandro destaca parcerias com empresas como Nespresso e General Mills, que aplicam protocolos de agricultura regenerativa em cadeias produtivas do café, milho pipoca, mandioca e outras culturas. A adaptação das práticas às condições locais e o treinamento de técnicos são essenciais para resultados consistentes.
“É preciso olhar o sistema produtivo como um todo, não só a cultura isolada. O desafio é grande, mas as soluções já existem”, pontua.
A COP 30 e a responsabilidade brasileira
Com a COP 30 marcada para acontecer no Brasil, o especialista vê o evento como uma chance de o país demonstrar ao mundo o que já faz certo no campo. “Revisamos nossas metas de emissões e temos políticas importantes. O gargalo está em como fazer isso chegar ao produtor, especialmente ao pequeno. E isso exige esforço conjunto entre governos, empresas, cooperativas e assistência técnica”, conclui.
Gestão sustentável como diferencial competitivo
Alessandro reforça que a sustentabilidade no agro é uma questão de visão estratégica. Fazendas bem geridas são mais lucrativas, mesmo sem garantia de sobrepreço no mercado. O diferencial está em abrir portas e conquistar a preferência de consumidores e compradores preocupados com o impacto ambiental da produção.