
A cidade de Fortaleza, no Ceará, recebe nesta terça-feira (16) mais uma edição do “Diálogos pelo Clima”, circuito de debates promovido pela Embrapa que discute os desafios e as oportunidades para a agricultura diante das mudanças climáticas. O evento integra a Jornada pelo Clima, que segue em direção à COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Para explicar a relevância do encontro, o Canal Rural conversou com Ana Euler, diretora de inovação, negócios e transferência de tecnologia da Embrapa e coordenadora da jornada. Segundo ela, o evento já percorreu diversos biomas brasileiros, incluindo Cerrado, Pantanal, Amazônia, Pampa e Mata Atlântica, e agora chega à Caatinga.
“É importante que a gente chegue com um único discurso, uma única narrativa na conferência internacional do clima, porque, afinal, lá somos o Brasil, somos um país, apesar da diversidade das nossas agriculturas”, afirma Ana.
O foco do circuito é mostrar não apenas os desafios impostos pelas mudanças climáticas, mas também as soluções desenvolvidas em cada bioma. Segundo a Embrapa, essas soluções estão diretamente ligadas aos territórios e às particularidades locais. O país possui um histórico consolidado em ciência agrícola, que permitiu construir uma agricultura capaz de alimentar brasileiros e cidadãos de diversas partes do mundo.
Para o público do semiárido, o encontro destaca estratégias que vão desde a adaptação de culturas até técnicas avançadas de manejo da água e aproveitamento de recursos naturais. A expectativa é que os resultados consolidados sirvam como referência para políticas de desenvolvimento rural, bioeconomia e segurança alimentar.
Agricultura regenerativa tropical
A Embrapa atua em parceria com mais de 8 mil organizações, fortalecendo sua presença em políticas públicas, investimentos e acordos setoriais. O objetivo é apoiar a mitigação, adaptação e resiliência das agriculturas e dos sistemas alimentares. Ana Euler destaca ainda que a experiência brasileira desperta interesse internacional. Ela acabou de voltar da África, onde participou do Africa Climate Fórum, com representantes de 56 países. “É impressionante como eles olham o Brasil, se inspiram no Brasil e buscam no Brasil essa liderança para a transição ecológica da agricultura no mundo”, comenta.
Caatinga, bioma exclusivo do Brasil, é um dos mais desafiadores devido à escassez de água e às condições de seca frequentes. Mas, segundo Ana, a região também oferece lições valiosas em adaptação agrícola, especialmente para países africanos que enfrentam condições semelhantes. “A Caatinga se transforma em um campo fértil da fruticultura nacional, com cultivares de uva, manga e, mais recentemente, testes com mirtilo e pera, que apresentam excelente desempenho”, explica.
Documento-síntese
O debate realizado nos Diálogos pelo Clima gera um documento consolidado que será entregue à presidência da COP 30. Este material sintetiza experiências, boas práticas e desafios de cada bioma brasileiro e deve servir de base para políticas públicas futuras. Ana explica que o encontro com o presidente da COP, André Corrêa do Lago e o enviado especial para agricultura, Roberto Rodrigues, está marcado para 29 de outubro.
Serviço
Data: 16/09/2025 (terça-feira)
Horário: 9h às 17h
Credenciamento para interessados em participar presencialmente: início às 8h30
Local: Centro de Eventos do Ceará – Av. Washington Soares, 999 – Fortaleza – CE
Programação e inscrições: www.embrapa.br/cop30/dialogos-pelo-clima-caatinga