Embrapa: Mato Grosso amplia modelo ILP 136% em 6 anos
Sistema baixo carbono já cobre 2,6 milhões de hectares no estado.
O Mato Grosso aumentou de 1,1 milhão para 2,6 milhões de hectares a área coberta pelo modelo de produção em ILP (Integração lavoura e pecuária) entre os anos de 2013 e 2019. O aumento de 136,3% foi identificado pela Embrapa, por meio de uma metodologia inovadora de sensoriamento remoto.
Segundo a instituição, o resultado está diretamente relacionado às ações de pesquisa e transferência de tecnologia em parceria com produtores no estado.
Prova disso é que a maior concentração desses sistemas se encontra no entorno de Unidades de Referência Tecnológica (URTs), que são áreas usadas para validação de tecnologias, na maioria das vezes, em fazendas particulares.
As URTs são conduzidas pelos próprios produtores, com base em recomendações dos pesquisadores da Embrapa e profissionais parceiros. Essas áreas são apresentadas ao setor produtivo em dias de campo, visitas técnicas e capacitações de profissionais de assistência técnica e extensão rural, possibilitando a multiplicação do conhecimento.
“Os resultados apresentam uma influência forte inicialmente das áreas de transferência tecnológica, as URTs como uma rede fundamental disseminadora desse tipo de manejo. Ao longo do tempo, é possível identificar que as práticas de ILP se difundem pelo estado e as áreas com URT deixam de ser as regiões com maior concentração”, afirmam os pesquisadores no estudo.
Projeto GeoABC
De acordo com resultados obtidos no âmbito do Projeto GeoABC liderado por Margareth Simões, pesquisadora da Embrapa Solos (RJ) e especialista em sensoriamento remoto na agricultura, a área de 2,6 milhões de hectares com sistemas ILP observada em 2019 equivale a 5% da área total sob uso agropecuário no estado.
A partir de uma extensa série de imagens de satélite, os pesquisadores foram capazes de monitorar a expansão das áreas com sistemas lavoura-pecuária em Mato Grosso, apresentando os resultados da crescente adoção e concentração dos sistemas ILP desde 2008.
Os dados geoespaciais mostram que no início da série histórica as áreas com ILP eram menos numerosas e se concentravam no entorno de Sinop, onde está a sede da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) e três URTs de sistemas integrados; na região do Araguaia, onde também havia três URTs; e na região Sul do estado.
Com o passar dos anos, as regiões de Sinop e do Araguaia continuaram com grande concentração de áreas com ILP, mas outras regiões cresceram de importância, como a de Colíder, no norte do estado, de Primavera do Leste e de Canarana.
Baixo Carbono
Os sistemas integrados de produção agropecuária, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e suas variações, assim como o Sistema Plantio Direto (SPD), fazem parte das tecnologias de baixa emissão de carbono fomentadas pelos Planos ABC e ABC+.
Em apoio à governança das políticas públicas de fomento, assim como para subsidiar o planejamento dos trabalhos de extensão e transferência de tecnologia, torna-se imperioso monitorar a adoção e a expansão dessas tecnologias.
Mas, até o momento, não se tinha mais do que estimativas gerais da área de adoção de ILPF, obtidas por meio de onerosas pesquisas de campo baseadas em entrevistas e em dados amostrais. “O avanço nas técnicas de sensoriamento remoto, aliado ao desenvolvimento dos algoritmos de inteligência artificial e à crescente capacidade de processamento de grandes massas de dados, tem apresentado grande potencial para o levantamento de dados espacializados – mapeamento/monitoramento – de sistemas complexos de produção agropecuária”, destaca Patrick Kuchler, geógrafo que integra a equipe de pesquisa do projeto GeoABC.