O artigo também expõe que, associada ao aumento de casos em todas as estações, há a possibilidade de expansão territorial do Aedes aegypti, alcançando o Centro-Sul fluminense e a Região Serrana do Rio de Janeiro.

“Estamos falando de áreas que não tinham registro de alguns sorotipos da doença e onde, antes, o vetor não possuía condições tão ótimas para circulação, o que pode causar um agravamento de casos da dengue hemorrágica, por exemplo. Para piorar o quadro, o estudo aborda o mosquito dos dias de hoje, mas já está provado na literatura que ele é um expert em adaptação, ou seja, vai se ajustar a essas mudanças e características, conseguir se sobrepor e sobreviver”, destaca.

Prevenção e controle

Apesar do cenário pessimista evidenciado pela pesquisa, Oscar defende a estratégia da vacinação aliada à eliminação das condições de desenvolvimento do mosquito, para frear o avanço da doença.

“É necessário ainda investir em saneamento básico e garantir que as metas estabelecidas sejam cumpridas no nosso estado. Essas ações ajudam a evitar o estoque de água da população e, consequentemente, diminuem a sua exposição ao vetor, porque isso inibe também o desenvolvimento do mosquito”, lembra o professor.

Para a infectologista Luana Sicuro, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) da Uerj, a imunização pode promover uma redução na severidade da doença. “A vacina está estudada e teve uma resposta satisfatória, diminuindo o número de casos dos quatro sorotipos de dengue. Mesmo que não impeça a pessoa de se contaminar, a vacina reduz as condições graves e as internações. E, com menos pessoas infectadas, mesmo que em uma faixa etária mais jovem, a cadeia de transmissão também melhora”, assegura a especialista.

A pesquisa coordenada por Antonio Carlos Oscar também propõe a montagem e estruturação de estações meteorológicas de monitoramento para observar os dados sobre a proliferação do Aedes aegypti no território fluminense.

Elaborada em cooperação com o Laboratório de Previsão de Curtíssimo Prazo e Eventos Extremos (Lacpex) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a ferramenta de análise será capaz de utilizar a previsão do clima para avaliar semanalmente o risco de exposição à doença.

“O estudo pode orientar onde o poder público deve investir e direcionar seus esforços a cada momento, considerando a necessidade de atenção para cada parte do estado. Essa interação com a Universidade é importante para otimizar os esforços em termos de recursos humanos, financeiros e técnicos”, finaliza o professor