
O custo das emissões de carbono na agropecuária brasileira foi estimado em US$ 11,54 por tonelada de CO₂ equivalente, segundo levantamento recente realizado pela Embrapa Territorial. A análise, que reuniu dados de 32 estudos internacionais publicados nos últimos 20 anos, estabelece um parâmetro inédito para o setor agropecuário no Brasil e pode servir de base para políticas públicas e negociações no mercado de carbono.
Quem detalhou os resultados ao Planeta Campo foi Daniela Tatiane de Souza, economista e analista da Embrapa Territorial. “Esse valor representa uma média ideal para as condições da agropecuária brasileira. Até então, não havia um referencial específico de custo das emissões para o nosso setor”, explicou.
Metodologia do estudo e fatores determinantes
A pesquisa partiu de uma revisão sistemática de estudos internacionais sobre precificação de carbono. A partir dessa base, a Embrapa aplicou análises estatísticas para identificar os fatores que influenciam o custo das emissões no setor agropecuário.
Segundo Daniela, os principais fatores que influenciam esse custo são:
- Nível de emissões de gases de efeito estufa;
- Participação da agricultura no PIB;
- Uso de fertilizantes e pesticidas;
- Nível de renda dos produtores;
- Adoção de tecnologias no campo.
“Essas variáveis ajudam a entender como o valor do carbono varia de país para país e, no nosso caso, resultaram nesse valor de referência para o Brasil”, afirmou a analista.
Impactos para políticas públicas e mercado de carbono
O estudo pode ser utilizado como base para formulação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade na agricultura e também para negociações no mercado de carbono, especialmente em contextos internacionais.
“A nossa estimativa é pioneira. Ela pode ser usada como referência para estabelecer preços mínimos em projetos e simulações futuras, além de subsidiar estratégias de mitigação das emissões”, disse Daniela.
Ela também destacou que, apesar da agropecuária emitir carbono, o setor também é capaz de sequestrar carbono, o que torna a mensuração mais complexa que em setores industriais tradicionais.
Como reduzir o custo das emissões com práticas sustentáveis
A incorporação de tecnologias sustentáveis pode reduzir as emissões e, consequentemente, o custo associado a elas. Técnicas como plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), uso racional de insumos e sistemas agroflorestais são caminhos promissores.
“Quando se adota tecnologia no campo, não só se emite menos, como também se pode sequestrar carbono da atmosfera. Isso reduz o passivo ambiental e pode valorizar ainda mais o setor no mercado de carbono”, finalizou Daniela.