Expansão da irrigação no Brasil ainda é desafio, mas vem crescendo

No segundo painel de debate da série de Lives da Agropecuária do Futuro, o Planeta Campo reuniu especialistas para debater sobre a expansão do setor no país

Expansão da irrigação no Brasil ainda é desafio, mas vem crescendo

No segundo painel de debate da série de Lives da Agropecuária do Futuro, ocorrido nesta terça-feira (21), o Planeta Campo reuniu especialistas para debater sobre a expansão das áreas irrigadas no Brasil. O evento ocorre até esta quinta-feira (23) sempre começando às 17h na TV e Youtube do Canal Rural.

Participaram do debate Eneas Porto, gerente de sustentabilidade da Aiba, Ricardo Almeida CEO da Netafim Mercosul e Fernando Campos Mendonça, professor da Esalq/USP.

O Brasil está entre os 10 maiores irrigantes do mundo. Segundo estudo da Agência Nacional de Águas (ANA), entre 1960 e 2015 a área irrigada no País aumentou expressivamente, passando de 462 mil hectares para 6,95 milhões de hectares (Mha), e pode expandir mais 45% até 2030, atingindo 10 Mha.  A média de crescimento estimado corresponde a pouco mais de 200 mil hectares ao ano, enquanto o potencial efetivo de expansão da agricultura irrigada aqui é de 11,2 Mha.

Estes números comprovam o quanto a irrigação é fundamental para ampliar a produção de alimentos no mundo. Além de garantir segurança ao produtor, reduzindo os impactos climáticos, a técnica ainda é um importante instrumento no uso racional da água. Suas tecnologias possibilitam irrigar apenas no momento certo, no lugar correto com a quantidade necessária para que a planta não tenha estresse hídrico gerando economia do recurso e maior produtividade da lavoura.

De acordo com Mendonça, um dos principais desafios para a expansão da irrigação em solo brasileiro é a legislação do país.

“São muitas questões, primeiro vem a legislação ambiental, depois tem custos. Com as leis, há alguns limites para quem está no campo, tem de sempre estar de olho. Os aspectos ambientais, como o ESG por exemplo são importantíssimos. Depois os custos, porque se há viabilidade econômica, não terá muito problema para que essa expansão ocorra. Alguns aspectos nos ajudam como a lei das aguas. Mas ainda há algumas leis que impedem o produtor, até a pouco tempo era difícil entrar em uma mata ciliar. Isso  está sendo pouco a pouco transformado, então creio que as leis ainda são uma das maiores dificuldades.”, destacou o professor

Já Almeida destacou durante o debate que a irrigação se encaixa para vários tipos de produtor por otimizar o uso de água e ainda ser sustentável. Além disso trouxe o crescimento do setor dentro do país.

“Desde o empresário até o pequeno produtor, a irrigação se adapta muito e é muito democrática, podendo ser utilizada em diversos tipos de solo. Hoje em dia a irrigação tem de ser prioridade para o produtor pois ela traz um retorno muito grande, se economiza muito, o que torna todo esse processo extremamente rentável. Sobre a expansão do setor o Brasil incorporou 400 mil hectares por ano (2020 x 2023), contra 250 mil em período anterior, os produtores tem deixado de ser produtores sequeiros para produtores irrigados, o que é muito bom já que um solo irrigado produz muito mais com menos.”, diz o CEO.

Porto trouxe para o debate, como os estudos e o mapeamento da agricultura de irrigação pode tornar áreas que tem dificuldade de acesso a água em locais que conseguem produzir igualmente ou até melhor do que aqueles que possuem acesso hídrico irrestrito.

“Caso não tivessemos a irrigação, teríamos dificuldade aqui na região (Bahia), por conta do tempo muito seco. Mesmo com as dificuldades, através de pesquisa, estudos junto as universidades foi possível buscar soluções para os recursos hídricos, já que as vezes o rio pode secar  Mesmo assim estamos conseguindo produzir. Graças a esses esforços podemos diminuir a distância entre os poços para continuar a captação de água. Hoje temos 240 mil hectares irrigados graças a esses estudos além da estrutura que temos presentes. Pudemos crescer mais da pecuária, isso é super importante.”, finaliza o gerente de sustentabilidade.

Confira o painel completo