Saiba o custo das pastagens degradadas no Brasil
Prejuízo relacionado as áreas de baixa produtividade vai além dos impactos ambientais e afeta o bolso dos produtores rurais
Qual o custo das pastagens degradadas no Brasil? Cerca de R$ 39 bilhões em 2022, próximo de R$ 60 por arroba ou 15 quilos de carcaça produzida no ano.
Para o engenheiro agrônomo e membro do Comitê Gestor do Programa de Recuperação de Pastagens do Governo Federal, Maurício Palma Nogueira, a degradação das pastagens é um dos maiores prejuízos para a pecuária.
“A degradação é provavelmente o maior custo da pecuária, o maior custo individual. Se a gente reverter esse processo, nós vamos ter uma economia proporcional a R$60 por arroba produzida na média Brasil. Claro que você tem fazenda melhores que já controlou a degradação e não tem esse custo. Mas na média Brasil é isso. Então, se você não deixar ela chegar nesse ponto que precisa de reforma, num prazo de sete a oito anos, depende aí da região, nós vamos economizar de R$4 mil a R$5 mil por hectare. Aí eu tenho que fazer uma avaliação diferente, a partir da intervenção que a gente coloca na pecuária, qual retorno que eu vou ter. A conta depende do nível tecnológico a ser adotado”.
E como recuperar essa pastagem? A recuperação de pastagens acontece principalmente com a adoção de tecnologias, a Integração Lavoura-Pecuária, a Lavoura-Pecuária-Floresta ou ainda a técnica de plantar espécies de leguminosas em associação com microorganismos benéficos e utilizar os sistemas agroflorestais são alguns exemplos.
Segundo o engenheiro agrônomo, o uso dos sistemas integrados, inclusive, pode diversificar a produção e servir de uma outra fonte de renda para os agricultores e pecuaristas. A ideia é tornar o negócio do campo cada vez mais lucrativo para o bolso do produtor.
“Essa é a ideia, tornar mais vantajoso financeiramente buscando um aproveitamento melhor, mais técnico dessa área. O produto pode ser a conversão para grãos, a integração dos grãos ou florestas ou outras culturas. E outro produto também que está previsto é a pastagem em produções mais tecnificadas. Então um pasto muito bem tratado é também um produto dessa conversão do pasto em condição de baixa tecnologia integrada avançada. Então qualquer uso que a gente fizer dessa área que melhore o desempenho dela, vai ser previsto no programa e evidentemente outro detalhe do programa ainda sendo montado para isso é um foi formado comitê aí pra definir todas essas etapas discutir trazer muita gente, para sugerir, opinar e contribuir”.
De acordo com dados utilizados pela Embrapa, as pastagens brasileiras cobrem aproximadamente 177 milhões de hectares, sendo que 40% apresentam sinais de degradação intermediária e 20% sinais de degradação severa. Deste universo, 28 milhões de hectares de pastagens degradadas possuem potencial para expansão agrícola.
A pretensão do Governo Federal é a recuperação e conversão de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade em dez anos, o que pode ser feito adotando as práticas e tecnologias certas.
“As Pastagens no Brasil infelizmente são conduzidas com baixa tecnologia. A curva de degradação tem muito haver com o manejo tradicionalmente adotado pelos produtores. Dessa forma, em 10 anos que a gente foi a campo avaliar as condições pastagens a gente sempre encontrou uma curva na mesma proporção. O pasto vai piorando até chegar no nível de degradação. Então nós temos 2% a 5% das pastagens precisando de fato de reforma, só que a gente encontrou a campo dados que se repetiram aí eu tenho em torno de 9% a 15% de pastagem, dependendo do ano, que estão péssimas e se você olhar, a avaliação visual é mesma feiúra daquela degradada, só que ainda tem capim embaixo. Então eu consigo recuperar esse pasto”, conclui Nogueira.