Incêndios florestais avançam: Pantanal registra aumento de 2000% em focos de fogo
Dados do INPE apontam crescimento alarmante das queimadas no Pantanal, Cerrado e Amazônia, com previsões de um setembro mais seco e quente, agravando a situação no país.
O Brasil enfrenta, em 2024, um cenário crítico de queimadas em seus principais biomas, com aumento expressivo dos focos de incêndio no Pantanal, Cerrado e Amazônia. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os números já superam, em alguns casos, os registros dos anos anteriores, colocando em alerta as autoridades e o setor agropecuário.
No Pantanal, o aumento dos focos de incêndio chega a ser assustador. Até o momento, foram registrados quase 10 mil focos de queimada, um salto de 2000% em comparação ao mesmo período de 2023, que contabilizou apenas 483 focos. Embora o número ainda não tenha superado o recorde histórico de 12 mil incêndios em 2020, a expectativa é de que, com a continuidade de temperaturas elevadas e baixa umidade, esse cenário se agrave nas próximas semanas.
O Cerrado, conhecido como o “berço das águas”, também não ficou imune aos incêndios. O bioma já soma quase 51 mil focos, o dobro do registrado no ano passado. A Amazônia, que enfrenta as maiores taxas de desmatamento da última década, viu um aumento de 100% nos incêndios, com mais de 80 mil focos identificados até agora. Esses dados alarmantes reforçam a necessidade de ações imediatas para controlar a situação e minimizar os impactos ambientais.
Previsões preocupantes para setembro
O mês de setembro segue sendo uma preocupação constante para meteorologistas e produtores rurais. Com uma previsão de temperaturas superiores à média, especialmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e no Matopiba, as condições para o aumento das queimadas permanecem. O calor excessivo, combinado com a baixa umidade, que pode atingir níveis críticos de até 10% em algumas áreas, cria um cenário propício para a propagação de incêndios.
Segundo Arthur Müller, meteorologista do Canal Rural, o retorno das chuvas mais significativas só é esperado para meados de outubro, e mesmo assim, de forma abaixo da média histórica. “O produtor rural precisa estar atento ao planejamento da safra, principalmente no que diz respeito ao atraso da semeadura da soja, já que as condições climáticas atuais não favorecem a agricultura. O retorno das chuvas deve ocorrer de forma volumosa, mas ainda abaixo da média”, destacou Müller.
A influência do La Niña
Outro fator que contribui para o agravamento das queimadas e para o comportamento irregular das chuvas é o fenômeno La Niña, que deve se intensificar nos próximos meses. A expectativa é de que o resfriamento das águas do Oceano Pacífico afete o padrão climático durante o verão, mantendo a irregularidade nas precipitações e aumentando a pressão sobre os biomas brasileiros.
Esse cenário coloca em evidência a conexão entre o clima e a produção agrícola, e reforça a importância de estratégias de adaptação às mudanças climáticas, tanto para o combate às queimadas quanto para a preservação dos biomas. A continuidade desse quadro pode impactar diretamente não apenas a biodiversidade, mas também a saúde humana e a economia do agronegócio brasileiro.
Com um setembro seco e quente à frente, as autoridades e produtores precisam redobrar a atenção para evitar danos ainda maiores. A prevenção e o combate ao fogo, assim como o monitoramento constante das condições climáticas, são essenciais para proteger os biomas e garantir a sustentabilidade da produção agropecuária.