A transformação do campo passa por um novo modelo de atuação: produtividade com inclusão e sustentabilidade no campo. Essa é a aposta da Fundação Solidaridad, que atua no Brasil há 16 anos, com presença em oito cadeias produtivas e projetos em diferentes biomas e regiões do país.
Durante entrevista ao programa Planeta Campo Talks, Rodrigo Castro, diretor de país na Fundação Solidaridad, compartilhou sua trajetória e destacou como os projetos da fundação têm contribuído para um agro mais justo, resiliente e eficiente.
“Não dá pra separar conservação ambiental do desenvolvimento das pessoas. Quem conserva – ou não – são as pessoas”, afirmou Rodrigo.
Do semiárido à floresta tropical: cadeias sustentáveis
Rodrigo iniciou sua carreira como biólogo voltado à conservação de florestas, mas logo percebeu que preservar e desenvolver precisam caminhar juntos. Foi com essa visão que ele liderou iniciativas como o programa de sustentabilidade da cera de carnaúba no semiárido, que hoje gera renda para mais de 100 mil pessoas no Nordeste.
A mesma lógica se aplica a projetos como o Restaura Amazônia, que conta com R$ 25 milhões do Fundo JBS pela Amazônia. A iniciativa alia pecuária sustentável e produção de cacau em sistemas agroflorestais, com assistência técnica, recuperação de áreas degradadas e acesso a mercados diferenciados. Hoje, o projeto já beneficia diretamente mais de 1.300 famílias na região da Transamazônica.
Impacto que se espalha pelo Brasil
A Solidaridad também atua com:
- Soja no Cerrado
- Café em São Paulo e Minas Gerais
- Erva-mate no Sul
- Cana-de-açúcar em SP
- Laranja no cinturão citrícola
- Óleo de palma no Pará
Todas essas cadeias têm em comum a valorização do pequeno e médio produtor, que recebe assistência técnica gratuita para aplicar boas práticas, melhorar a produtividade e se manter competitivo.
“A assistência técnica é a chave para transformar a propriedade, torná-la mais produtiva e resiliente. E ela precisa chegar a quem mais precisa – o pequeno produtor”, defende Rodrigo.
Fruto resiliente: freando o abandono da laranja
Entre os destaques está o projeto Fruto Resiliente, criado para evitar a saída de pequenos produtores do setor da laranja. Com foco na eficiência, sustentabilidade e relações de trabalho justas, a iniciativa já atende 500 famílias em SP, MG e MS.
Desafios climáticos e a urgência da mudança
Para Rodrigo, três grandes desafios estão no caminho da sustentabilidade no campo:
- Adaptação às mudanças climáticas
- Acesso à água de forma racional
- Redução dos custos de produção e insegurança alimentar
“A agricultura será cada vez mais pressionada. E quem não se adaptar, perde competitividade. Mas vejo com otimismo: há um movimento de transformação acontecendo.”
O papel das parcerias e a força da coletividade
A base desse trabalho está na construção coletiva. Segundo Rodrigo, é impossível transformar o agro sem o envolvimento de todos os elos da cadeia – do produtor ao consumidor. Empresas como Coca-Cola, Leão, BASF e o Fundo JBS pela Amazônia são algumas das parceiras da Solidaridad.
“Juntos somos mais fortes. Cada elo tem um papel importante e pode contribuir para enfrentar os desafios globais.”
A meta é clara: produzir mais alimento com menos impacto, garantindo renda no campo e acesso a alimentos a preços justos na cidade. A sustentabilidade deixou de ser uma escolha — agora, é condição de sobrevivência e permanência no mercado.