La Niña ou Neutralidade Climática? O que virá após o forte El Niño
As projeções apontam que o fenômeno deve perder força a partir do segundo semestre e pode ceder lugar à La Niña, invertendo o panorama atual do clima
O El Niño, fenômeno natural que contribuiu para que 2023 fosse o ano mais quente já registrado em todo o mundo, provocando desastres naturais durante todo o período no Brasil, segue em ação e encontra-se em seu pico.
Mas as projeções apontam que o fenômeno deve perder força a partir do segundo semestre e pode ceder lugar à La Niña, invertendo o panorama atual do clima.
Caso o fenômeno se confirme, pode-se esperar irregularidade nas chuvas sobre as regiões Sul e Sudeste.
Vale ressaltar que as projeções climáticas ainda apontam para a possibilidade de um período de Neutralidade Climática, de acordo com a Climatempo.
Um dos indicadores que apontam para uma possível La Niña no segundo semestre é o rápido resfriamento por qual passa o Oceano Pacífico, um marcador que sinaliza a não ocorrência de um período intermitente de neutralidade, que costuma acontecer entre os fenômenos El Niño e La Niña.
Isso já ocorreu durante os El Niños de 1997/1998 e 2015/2016, tão intensos quanto o que estamos passando, e que, logo em sequência, foram substituídos pelo fenômeno La Niña.
“As mudanças climáticas estão cada vez mais intensas, e os períodos de neutralidade entre os fenômenos estão ficando cada vez mais raros, indicando uma forte mudança no comportamento padrão do clima”, afirma Willians Bini, meteorologista e Head da Climatempo.
“Vimos três anos consecutivos de La Niña, entre 2020 e 2022, algo extremamente raro de acontecer, e enfrentamos um El Niño que causou estragos e fez de 2023 o ano mais quente de todos os tempos. Quando se pensava que uma calmaria poderia suceder, as projeções começam a indicar que podemos ter uma La Niña pela frente, embora ainda não esteja totalmente descartada a possibilidade de termos um período de neutralidade no segundo semestre”, observa Bini.
Efeitos no Brasil
Caso a La Niña ocorra realmente a partir do segundo semestre de 2024, o Sul e o Sudeste brasileiros passarão a ter menos chuvas, diminuindo os riscos de desastres naturais como enchentes e deslizamentos. Em contrapartida, a falta de chuvas deve impactar o setor de energia, com a redução do nível dos reservatórios na região Sudeste, enquanto a previsão de mais frio pode impactar o agronegócio no Sul.
“Tanto no Sul quanto no Sudeste, menos chuvas e frio mais intenso são fatores que prejudicam a produção agrícola. A La Niña também acende a luz amarela para os reservatórios, cujos níveis devem cair, afetando a produção de energia e bolso do consumidor, ao provocar aumento na conta de luz”, avalia Bini.
Segundo o meteorologista e Head da Climatempo, há setores da economia que poderão se beneficiar dos efeitos de uma possível La Niña, como o varejo, especialmente no período de inverno, impulsionando a venda de roupas, alimentos, bebidas e entre outros produtos relacionados ao frio.
“Seja com El Niño, La Niña ou diante das mudanças climáticas, contar com análises meteorológicas aprofundadas, inclusive para microrregiões, pode significar a diferença entre uma estratégia de negócios bem-sucedida e o encalhe ou falta de determinado produto na prateleira do supermercado”, ressalta Bini.