
O CNN Talks – Potência Verde reuniu líderes do agronegócio, especialistas em sustentabilidade e autoridades para discutir agricultura regenerativa, bioenergia e mudanças climáticas. O evento foi realizado no espaço Trio Pérgola, em São Paulo, nesta segunda-feira (8), com mediação de Fernando Nakagawa, âncora do CNN Money.
A mensagem central foi clara: o Brasil tem um papel estratégico na construção de uma economia verde e sustentável. O país chega à COP 30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, com uma oportunidade histórica de mostrar ao mundo que é possível produzir mais alimentos, preservar florestas e reduzir emissões.
Brasil, potência verde do planeta
Um dos destaques do evento foi a participação de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e referência internacional quando o assunto é agronegócio sustentável. Em sua fala, ele ressaltou o protagonismo brasileiro e defendeu que o país já é líder global no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a produção responsável de alimentos.
“O Brasil desenvolveu um processo extraordinário, tecnificado, sustentabilíssimo, com agricultura de ponta, bioinsumos e agroenergia sequestradora de carbono. O mundo inteiro copia e admira o que fazemos”, afirmou Rodrigues.
Ele destacou ainda que o país reúne condições únicas para expandir sua produção agrícola sem a necessidade de desmatamento, utilizando tecnologia, inovação e áreas já disponíveis. Segundo ele, o Brasil está no centro do chamado “cinturão tropical”, região com maior potencial de crescimento produtivo do planeta.
“Nós temos uma cultura regenerativa fantástica, replicável para outras áreas tropicais, como América Latina, África subsaariana e parte da Ásia. O futuro da produção agrícola mundial está aqui, e o Brasil é o líder desse processo”, completou.

Preservação e produção lado a lado
Outro ponto forte do encontro foi a presença do secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que reforçou o papel central do produtor rural na preservação das florestas brasileiras.
Atualmente, mais de 50% da vegetação nativa do país está dentro de propriedades rurais, evidenciando que os produtores têm papel ativo na conservação ambiental. “Não há solução para a conservação ambiental sem o envolvimento e a parceria com o setor agropecuário”, destacou.
Essa integração, segundo ele, já começa a gerar novas oportunidades econômicas no campo. Entre elas, estão os mecanismos de remuneração por serviços ambientais, que valorizam o produtor que preserva mais do que a legislação exige.
“Estamos regulamentando as cotas de reserva legal, que vão permitir ao proprietário com mais floresta do que a lei exige comercializar o excedente. Além disso, crédito de carbono e pagamento por serviços ambientais estão criando novas fontes de renda”, reforçou.
Essa transformação traz também mudanças na mentalidade do campo. O que antes era visto como “passivo ambiental” passa a ser tratado como ativo econômico. A vegetação nativa, longe de ser um obstáculo, se torna um patrimônio para o produtor rural.
Rumo à COP 30: uma oportunidade histórica
O evento reforçou que o Brasil chega à COP 30 com um discurso sólido: o país é capaz de produzir mais, preservando mais. Isso só é possível graças à combinação entre tecnologia, políticas públicas, ciência e engajamento do setor privado.
A integração entre diferentes áreas – governo, produtores, pesquisadores e empresas – foi apontada como essencial para construir soluções reais e escaláveis. A agricultura regenerativa, os investimentos em bioenergia e os mecanismos de incentivo à conservação são parte de um mesmo caminho que pode colocar o Brasil no centro das discussões ambientais globais.

Conexão entre ciência, políticas públicas e produção
Para além dos números e das metas, o CNN Talks mostrou que a transição para um modelo mais sustentável precisa ser comunicada de forma clara e acessível. A aproximação entre ciência, políticas públicas e setor produtivo tem permitido destravar gargalos históricos e criar um ambiente favorável à inovação no campo.
Segundo Paula Packer, chefe da Embrapa Meio Ambiente e uma das convidadas do encontro, a conexão entre os diferentes elos da cadeia produtiva reforça o papel do Brasil como potência verde. Ao integrar produtividade e preservação, o país consolida um modelo sustentável que pode servir de exemplo para o mundo.
“Falar dessa potência verde junto com todas essas feras é totalmente enriquecedor. Cada conversa traz novos insights e reforça a importância dessa troca entre ciência, políticas públicas, setor privado e governo para construir uma sustentabilidade mais comunicativa, palatável e com resultados concretos”, finalizou.