MAPA realiza oficinas para identificar áreas degradadas com potencial de serem recuperadas
O Brasil tem desafio de recuperar 40 milhões de hectares de áreas degradadas em sistemas agropecuários sustentáveis até 2033
O Brasil tem um desafio ambicioso pela frente: recuperar ou converter 40 milhões de hectares de áreas degradadas em sistemas agropecuários sustentáveis até 2033. Essa é a meta estabelecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), que planeja alcançar uma média de 4 milhões de hectares recuperados ou convertidos por ano. A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCP), um dos pilares da adaptação da agropecuária brasileira às mudanças climáticas e da redução das emissões de carbono.
O Panorama das áreas degradadas no Brasil
As áreas degradadas representam um grande desafio para a sustentabilidade ambiental e a produtividade agropecuária no Brasil. Essas áreas, muitas vezes caracterizadas por erosão, solo descoberto e baixa matéria orgânica, têm impactos que vão além dos limites das propriedades onde estão localizadas. Segundo Patrícia Menezes Santos, coordenadora do grupo de trabalho da Embrapa, “o pasto degradado tem muitos impactos negativos que vão além do limite da fazenda, como a perda de fertilidade do solo e a redução da biodiversidade local”.
Além dos danos ao solo e à biodiversidade, a erosão causada pela degradação também contribui para o assoreamento de rios e corpos d’água, prejudicando a qualidade e a disponibilidade de recursos hídricos. A recuperação dessas áreas é, portanto, não apenas uma questão de aumentar a produtividade agropecuária, mas também de mitigar os efeitos ambientais negativos que afetam todo o ecossistema ao redor.
Esforços e desafios para a recuperação
O MAPA tem realizado oficinas em vários estados brasileiros, como Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Pará e Tocantins, para reunir dados locais e identificar políticas públicas já em curso. Esses encontros têm sido fundamentais para validar e ajustar os modelos de recuperação das áreas degradadas, levando em conta as peculiaridades de cada região.
O coordenador de Recuperação de Áreas Degradadas do MAPA, Rodrigo Almeida, destaca a importância desses encontros para a construção de uma política pública eficaz: “Conseguimos fazer um trabalho interessante de validação e ajuste do nosso modelo com base nas discussões de cada um desses estados. Agora, precisamos consolidar os resultados nacionais e pensar em como implementar essas políticas no território”.
Apesar dos avanços, um dos principais desafios para a recuperação das áreas degradadas é a ampliação da assistência técnica, especialmente para pequenos e médios produtores. Enquanto os grandes produtores têm acesso a consultores particulares e a assistência técnica fornecida por empresas, os menores enfrentam dificuldades para obter o suporte necessário. Patrícia ressalta que “os pequenos e médios produtores têm mais dificuldade em acessar assistência técnica, o que ainda é um gargalo importante para a recuperação das áreas degradadas”.
A Importância do Financiamento e da Cooperação Internacional
Para que a recuperação das áreas degradadas se torne uma realidade, o financiamento adequado é essencial. Dependendo do sistema produtivo adotado na fazenda, o custo de recuperação pode variar de 6.000 a 20.000 reais por hectare, o que representa um investimento total de 240 a 800 bilhões de reais para o Brasil. Sistemas como os agroflorestais, que são mais complexos, têm grande potencial de recuperação e são especialmente adaptados para a agricultura familiar.
O MAPA tem buscado parceiros internacionais para viabilizar a implementação dessas políticas públicas, reconhecendo que o investimento público, por si só, pode não ser suficiente para atingir as metas estabelecidas. Além disso, o levantamento dos custos por estado e em nível nacional tem sido feito para orientar tanto os investimentos públicos, como o Plano Safra e o crédito público, quanto as iniciativas do terceiro setor e do setor privado.
Próximos passos e expectativas
Com uma última rodada de oficinas marcada para Rondônia, o próximo passo do MAPA é consolidar os resultados nacionais e desenvolver estratégias para implementar as políticas públicas no território. A coordenação entre diferentes setores — governo, iniciativa privada, organizações não governamentais e parceiros internacionais — será crucial para o sucesso do programa.
Além disso, o MAPA planeja captar investimento internacional, reconhecendo a importância de parcerias globais para alcançar as metas de recuperação das áreas degradadas. A mobilização de recursos e o suporte técnico adequado são vistos como fundamentais para transformar áreas degradadas em sistemas produtivos sustentáveis.