Mapa vai regular produtos plant based para garantir transparência ao consumidor
Iniciativa deve assegurar que exista uma concorrência justa entre as proteínas de origem animal e vegetal
Os produtos plant based, ou seja, hambúrgueres, carnes, leite e outras proteínas de origem vegetal, já podem ser encontrados há algum tempo nos mercados do Brasil e do mundo. E o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou recentemente que vai regular a produção e distribuição desses alimentos. Isso porque o Brasil tem tudo pra se destacar também no mercado de proteína de base vegetal, assim como já é referência mundial em proteína animal.
A iniciativa do Mapa pretende garantir que exista uma concorrência justa entre os dois segmentos, além de esclarecer aos consumidores diversos aspectos relacionados aos produtos plant based.
Hugo Caruso, que é coordenador geral de qualidade vegetal do Mapa, disse em entrevista ao Planeta Campo que não cabe a entidade defender os benefícios de um ou outro segmento, mas sim garantir que as informações corretas estejam claras para os consumidores.
“O que nós estamos mais preocupados é com a informação correta para o consumidor para que eles possam fazer essa escolha de acordo com os seus princípios, de acordo com as suas convicções, se aquele produto é realmente mais sustentável, é melhor para o meio ambiente, é melhor para sua saúde. Então nós queremos apenas que o consumidor faça essa escolha corretamente e por isso a necessidade dessa regulamentação”, explicou Caruso.
O coordenador do Mapa também falou sobre as questões relacionadas a terminologias dos produtos de origem vegetal que são análogos aos utilizados para proteína animal.
“Essa polêmica toda sobre os plant baseds só existe pelo fato de utilizarem essa nomenclatura de carne, de leite, que são terminologias da área animal sendo utilizadas para produtos de origem vegetal, porque se não houvesse esse uso dessas terminologias, não haveria essa discussão toda. Então isso está em discussão no mundo todo e nós estamos até em parceria com outras instituições, como a Embrapa, participando dessas discussões para que se tenha uma definição a nível mundial de algo que realmente compreenda esses produtos e não gere dúvidas para o consumidor. (…) Nós vamos propor uma regulamentação para os produtos análogos aos produtos de origem animal para que fique muito claro para o consumidor que aquela carne, aquela almôndega vegetal, ela não é um produto de origem animal. Ela é equivalente em termos de sabor, de uso ou alguma outra analogia que possa ser feita com produto de origem animal, mas tem que deixar bem claro que ela não é de origem animal. Então toda essa preocupação nossa é com o consumidor, para que ele realmente tenha essa informação clara na hora de adquirir um produto, porque nós não podemos permitir que o consumidor seja enganado”.
O potencial do Brasil para ser um dos protagonistas do mercado de proteína vegetal também é uma das questões que motivam a regulamentação proposta pelo Mapa. “Nós temos um potencial muito grande de fornecimento, tanto da proteína animal quanto da proteína vegetal. Então eles devem coexistir e nós devemos aproveitar essa oportunidade, essa condição que o Brasil tem de grande fornecedor de proteína para essa coexistência. No entanto, nós temos que dar segurança para o setor poder investir e essa segurança vem de uma regulamentação. Então muitas empresas, muitas vezes, acabam tendo um certo receio em investir em um produto de proteína vegetal com receio de que amanhã ou depois tenha uma regulamentação que proíba a utilização daquela terminologia”, explicou Hugo Caruso.
Confira o programa Planeta Campo com a participação de Hugo Caruso: