Em Davos, Marina Silva defende fim dos combustíveis fósseis
O termo de referência para a redução dos combustíveis fósseis, afirmou Marina, foi dado pelo presidente Lula na abertura da COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira (16) no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que a humanidade precisará decidir pelo fim dos combustíveis fósseis para combater a mudança do clima.
“O Brasil tomou uma decisão corajosa de desmatamento zero. A Colômbia tomou decisão em relação a petróleo zero. Em algum momento nós vamos nos encontrar, a Colômbia vai dizer que é desmatamento zero e a humanidade vai ter que dizer que é petróleo zero”, disse Marina, em painel com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
A retomada durante 2023 da governança ambiental e das ações de fiscalização fez com que o desmatamento na Amazônia reduzisse 50% em 2023 na comparação com 2022, segundo o sistema Prodes, do Inpe. A queda evitou a emissão de aproximadamente 250 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente na atmosfera.
Já o termo de referência para a redução dos combustíveis fósseis, afirmou Marina, foi dado pelo presidente Lula na abertura da COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, Lula disse que é “é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”.
O problema dos combustíveis
O debate é estratégico para todos os países produtores e consumidores de combustíveis fósseis, afirmou a ministra, que mencionou os subsídios de US$ 7 trilhões para energias fósseis no mundo em 2022. A transição deve ser liderada pelos países industrializados, maiores responsáveis pelas emissões históricas, pontuou Marina. O financiamento climático, concluiu, continua aquém do necessário.
O presidente colombiano defendeu o perdão das dívidas das nações em desenvolvimento em troca de ação climática:
“Não é caridade, é um mecanismo poderoso de financiamento”, afirmou Petro, que estima precisar de US$ 2,5 bilhões anuais para reflorestar áreas desmatadas e promover a bioeconomia na Amazônia colombiana.
Também participaram do debate Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Helder Barbalho, governador do Pará, e Fany Kuiru, líder da Coordenadoria de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica).
Transformação energética
No painel com Nísia e Silveira, Marina comparou a participação brasileira no Fórum Econômico Mundial deste ano com o de 2023, nas primeiras semanas de governo:
“O Brasil voltou e o Brasil se instalou. Às vezes é fácil voltar, mas é difícil se instalar. Conseguimos fazer uma aterrissagem em várias agendas”, afirmou a ministra. “Neste primeiro ano de governo, podemos ver que a política ambiental de fato está se tornando transversal.”
Ações mencionadas pela ministra incluem o Plano para a Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda, que promoverá o desenvolvimento inclusivo e sustentável para lidar com a crise climática, e o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). A iniciativa foi relançada em 5 de junho de 2023. O plano para Cerrado foi lançado em novembro do mesmo ano.
“O Brasil é cada vez um lugar em que é seguro para investimentos, com a reforma tributária, capacidade gerencial e uma democracia estabilizada”, completou ela, que destacou a necessidade de recursos para investimentos em mitigação e adaptação às mudanças do clima no país.
Segundo Silveira, a matriz elétrica, que é 88% renovável, reforça as condições favoráveis do país para receber novos investimentos. No ano passado, a geração de energia eólica e solar nacional aumentou em 8,4 gigawatts.
“Nós temos superávit de energia limpa e renovável. Temos no Nordeste brasileiro um grande potencial para que indústrias se instalem para poder produzir efetivamente produtos verdes e exportar a sustentabilidade”, afirmou ele.
Os resultados do governo, disse o ministro, dão “autoridade” para que o Brasil cobre maior compromisso de países industrializados com a transição energética das nações em desenvolvimento. A presidência brasileira do G20, disse ele, é uma oportunidade para garantir maior inclusão social.
Por Estadão Conteúdo