Carne bovina: Como as exigências da China impulsionam a inovação no Brasil
País precisou investir em genética, tecnologia e sustentabilidade para atender o gigante asiático. Maurício Palma Nogueira explica como esse alto padrão de qualidade impacta a pecuária nacional
A China, um dos principais parceiros comerciais do agro brasileiro, trouxe desafios que ajudaram a transformar a pecuária no País. O gigante asiático, que recebe cerca de 60% das exportações de carne bovina do Brasil, exige rigorosas normas de produção, incluindo abate de animais com menos de 30 meses de idade, rastreabilidade e padrões de saúde animal. Esses critérios deram origem ao termo Boi China, que se tornou referência na cadeia produtiva.
Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro Consultoria, destacou em entrevista ao programa Planeta Campo que as demandas chinesas, embora desafiadoras, trouxeram avanços significativos. “A China exige, além da qualidade, um perfil de carne que só é alcançado com animais jovens, bem terminados e bem produzidos. Isso impulsionou melhorias na genética, nutrição e manejo das propriedades”, afirmou.
O esforço de adaptação foi significativo, mas trouxe retornos rápidos. “Os investimentos em saúde animal, redução da idade de abate e aumento do peso médio das carcaças geraram benefícios financeiros rapidamente para as fazendas. Esses avanços não apenas atenderam às exigências do mercado chinês, mas também elevaram o padrão da pecuária brasileira como um todo”, explicou Nogueira.
Outro ponto levantado foi o impacto econômico das exportações para a China. Embora os chineses não sejam os que pagam mais por tonelada no mercado internacional, o volume importado é impressionante. “A China importa 150 mil toneladas a mais por mês do que a soma dos outros 15 maiores compradores. Isso tem grande influência na precificação do boi no mercado interno”, destacou o especialista.
O mercado chinês também valoriza a rastreabilidade e a conformidade com padrões rigorosos, fatores que estão alinhados com a sustentabilidade. Segundo Nogueira, essas práticas impulsionaram a competitividade da carne brasileira e posicionaram o país como um dos principais fornecedores globais.
A experiência com o mercado chinês ilustra como a pecuária pode se reinventar diante de desafios. Investir em tecnologia e práticas sustentáveis não apenas atende às demandas externas, mas fortalece o agronegócio brasileiro para enfrentar um mercado cada vez mais exigente.