SERÁ QUE É LEGAL?

Mercado de carbono regulado traz oportunidades para o agro em 2025

Brasil se prepara para detalhar o mercado de carbono regulado e impulsionar o pagamento por serviços ambientais, com destaque para o papel do agro nas metodologias nacionais.

Mercado de carbono regulado traz oportunidades para o agro em 2025

O ano de 2025 promete ser decisivo para o mercado de carbono regulado no Brasil, e o setor agropecuário já começa a se posicionar como um dos grandes protagonistas dessa transformação. Com a lei que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) em vigor desde 2024, o foco agora será construir a base normativa que permitirá o funcionamento desse novo sistema.

Enquanto o mercado voluntário já funcionava com certificadoras internacionais, agora o país dá um passo além ao criar sua própria regulação obrigatória, com impactos em todos os setores da economia — exceto a agropecuária primária, que, por outro lado, será geradora de créditos de carbono. Ou seja, o que acontece “porteira para dentro” pode virar ativo ambiental.

Metodologias tropicais e protagonismo brasileiro

Segundo o especialista Leonardo Munhoz, o Brasil tem uma janela de oportunidade única: desenvolver metodologias nacionais adaptadas à agricultura tropical. Esse é um gargalo histórico nos sistemas internacionais de certificação, geralmente voltados a realidades de países desenvolvidos.

“Com o avanço das regras no SBCE, o país pode não só viabilizar mais projetos no campo, como também exportar conhecimento para outros países de clima tropical, que enfrentam a mesma limitação”, explica Munhoz.

Entre as práticas que devem ser reconhecidas como elegíveis para créditos estão a preservação da reserva legal, o plantio direto e outras boas práticas agrícolas que ajudam a capturar ou evitar emissões de gases de efeito estufa.

Desafios para dar liquidez ao crédito de carbono

Um dos principais entraves para que o mercado de carbono ganhe escala real é a baixa liquidez dos créditos. No modelo voluntário, isso dificulta a negociação em bolsas e impede o uso mais dinâmico de títulos como a CPR Verde.

Por isso, está em debate a criação de mecanismos para aumentar a liquidez e facilitar a entrada de créditos em fundos de investimento do agronegócio. Essa articulação será essencial para atrair mais investidores e ampliar o impacto do mercado.

PSA: o próximo passo da agenda ambiental

Além da regulação do carbono, outro tema que deve ganhar força em 2025 é a regulamentação da Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Apesar de aprovada em 2021, a lei ainda depende da criação do Sistema Nacional de PSA e de critérios para operacionalizar os pagamentos.

“Será necessário definir quais metodologias serão aceitas, quais serviços ecossistêmicos serão remunerados e se boas práticas agropecuárias também poderão ser incluídas como passíveis de PSA”, diz Munhoz. Em países como França e Austrália, isso já acontece.

A expectativa é que o Brasil siga esse exemplo e remunere produtores que adotam práticas sustentáveis, mesmo fora de áreas de preservação.

COP30 e rastreabilidade no horizonte

Com a COP30 prevista para dezembro em Belém, o Brasil terá a chance de mostrar ao mundo os avanços da regulação ambiental. Um dos temas centrais será o financiamento climático e a operacionalização do Artigo 6 do Acordo de Paris, que trata justamente do mercado internacional de carbono.

Outro desafio que deve dominar o debate ao longo do ano é a rastreabilidade de produtos agropecuários, especialmente com a entrada em vigor da Lei Antidesmatamento da União Europeia em 2026. O setor precisa se preparar para atender às exigências e garantir acesso ao mercado internacional.

“2025 será o ano de consolidar regras, gerar segurança jurídica e mostrar que o agro brasileiro pode ser parte da solução climática global”, conclui Munhoz.

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