Durante o Planeta Campo Talks, realizado nesta quarta-feira no auditório do Instituto AgroInsper, em São Paulo, o coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias, disse que o agronegócio já está no futuro, e que os outros países produtores de alimentos procuram como compromissos ambiental para próximos 20 ou 30 anos é feito há pelo menos 12 no nosso país.
Ananias afirma que o primeiro setor diretamente afetado pelas mudanças climáticas é o agro. Ele lembrou da crise hídrica enfrentada pelo Estado de São Paulo em 2014, citando que “um consumidor poderia escolher não pegar um legume na gôndola, mas o produtor rural não”, e considera que o desenvolvimento de novas tecnologias tem feito o Brasil ser uma potência.
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O “efeito poupa-terra”, citado durante o evento por Pedro Alves Corrêa Neto, secretário-adjunto de Inovação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foi demonstrado na prática.
Em um comparativo dos anos de 1976/77 e 2022/23, a produção alcançou uma diferença de 530% (de 46,9 milhões de toneladas para 295,6 milhões de toneladas), enquanto a área cresceu ‘apenas’ 109% (de 37,3 milhões de hectares para 78,1 milhões de hectares). O crédito para isso, segundo o coordenador, é da tecnologia, que permitiu que novas ferramentas fossem utilizadas sem um acréscimo de 150 milhões de hectares na área plantada, por exemplo.
“Hoje temos até três safras extremamente produtivas, mesmo a ‘safrinha’, que não costumava ser assim. Agora, estamos indo para a quarta safra, que é aquela da sustentabilidade, um crédito de carbono ou valor agregado que podemos prover para garantir o crescimento econômico dos outros setores“, afirma.
Para Nelson Ananias, o agro está cumprindo as metas que foram estabelecidas pelo governo no Acordo de Paris, e acrescenta que o setor está indo além nas propostas do Brasil para redução de emissões e preservação do meio ambiente. “Na COP-30, em Belém, novas propostas serão feitas, mas o agro está pronto para atingir metas, como zerar o desmatamento ilegal e restaurar 15 milhões de hectares em pastagens. Não há outro setor que tenha uma representação tão efetiva nas metas do clima do Brasil como o agro“, acrescenta.