
Duas novas cultivares de soja desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com a Fundação Meridional, chegam ao mercado com a promessa de unir produtividade, sanidade e resistência a herbicidas e lagartas.
Lançadas para a safra 2025/2026, as variedades BRS 258 I2X e BRS 2361 I2X utilizam a moderna plataforma Intacta 2 Xtend, que traz ganhos diretos tanto para a sustentabilidade quanto para o bolso do produtor rural.
As cultivares já foram testadas em diferentes regiões do Sul do país e do norte do Paraná, apresentando desempenho acima da média em produtividade e sanidade. Segundo Rogério Castro, analista da Embrapa Soja, os ganhos podem chegar a até 4% em relação às variedades mais utilizadas no mercado hoje.
Além do avanço em produtividade, os materiais oferecem resistência a doenças como pústula bacteriana, mancha-alvo e podridão radicular de fitóftora. Com essas características, o produtor tem mais segurança no campo, mesmo diante de variações climáticas, que continuam sendo um dos principais desafios da produção agrícola.
Mais proteção contra herbicidas e lagartas
A principal inovação das cultivares está na plataforma Intacta 2 Xtend, que amplia o controle sobre lagartas e permite o uso de dois tipos de herbicidas: glifosato e dicamba. Isso significa que o agricultor tem mais opções para manejar plantas daninhas e insetos, sem comprometer a lavoura.
“Essa é a tecnologia mais moderna disponível hoje. Além da resistência a lagartas, ela possibilita o uso de dois grupos de herbicidas, o que facilita muito o manejo no campo”, explica Rogério. Essa resistência ampliada é um avanço em relação às sojas Bt da primeira geração, que já ofereciam proteção, mas com menor abrangência de pragas.
A BRS 258 é indicada para o Sul do Brasil, especialmente Santa Catarina, metade norte do Rio Grande do Sul e o sudoeste do Paraná. Já a BRS 2361 é voltada para o norte do Paraná, com adaptação a diferentes condições de solo e clima. Ambas apresentam estabilidade de ciclo e boa adaptação regional.
A classificação por grupo de maturidade foi usada como critério para indicar as regiões ideais de cultivo. Essa categorização é amplamente conhecida pelos produtores, que a utilizam para escolher as cultivares mais adequadas à sua realidade.
Sanidade como critério indispensável no lançamento
De acordo com o analista da Embrapa, o processo de desenvolvimento das cultivares não prioriza apenas produtividade, mas também a sanidade vegetal. A resistência a doenças é uma exigência para que uma nova variedade seja aprovada.
“Se a cultivar for suscetível a doenças como pústula bacteriana, mancha-alvo ou outras comuns em soja, ela não é lançada, mesmo que seja muito produtiva”, afirma Rogério. A podridão radicular de fitóftora, problema crescente em regiões de clima mais frio, também passou a fazer parte dos critérios de avaliação obrigatórios.
Essas doenças podem causar grandes prejuízos ao produtor e comprometer toda a safra. Ao utilizar materiais resistentes, o agricultor evita perdas e reduz a necessidade de aplicações químicas, o que também contribui para a sustentabilidade da lavoura.
O cuidado com a sanidade vegetal, portanto, começa já na escolha da semente. Segundo Rogério, ao optar por uma cultivar mais resistente, o produtor rural já elimina alguns dos problemas mais difíceis de contornar durante o ciclo produtivo.
Cultivares estáveis e mais adaptadas ao clima
Em um cenário de mudanças climáticas, com temperaturas cada vez mais elevadas e imprevisíveis, a estabilidade das cultivares ganha destaque. Embora ainda não existam variedades totalmente resistentes a essas variações extremas, é possível escolher materiais mais adaptáveis.
“Essas novas cultivares têm alta estabilidade, o que ajuda o produtor a enfrentar variações de temperatura e outras adversidades climáticas. Mas é importante lembrar que o sucesso da lavoura depende também de práticas de manejo”, explica o especialista.
Entre as recomendações estão a manutenção de palhada no solo, rotação de culturas e uso racional de defensivos. Essas estratégias, somadas à escolha de boas cultivares, aumentam as chances de sucesso mesmo em anos difíceis.
Lançamentos prontos para a próxima safra
Com o processo de testes finalizado e a validação técnica concluída, as cultivares BRS 258 e BRS 2361 estão prontas para chegar ao mercado e estarão disponíveis para a safra 2025/2026 em volumes maiores, já que a produção de sementes está em andamento.
A parceria com a Fundação Meridional fortalece a distribuição e assistência técnica das cultivares, garantindo que os produtores tenham acesso às informações necessárias para o bom desempenho no campo.
“Estamos muito otimistas com esses lançamentos. Acreditamos que eles vão contribuir para uma soja mais produtiva, resistente e sustentável”, conclui Rogério.