O agronegócio brasileiro como modelo de sustentabilidade global

Nelson Ananias Filho, coordenador de sustentabilidade da CNA, explica como o agronegócio brasileiro alia eficiência produtiva, preservação ambiental e inovação tecnológica, preparando o setor para os desafios das próximas COPs

O agronegócio brasileiro: pioneiro em sustentabilidade e desafios futuros

Em entrevista ao Planeta Campo Talks, Nelson Ananias Filho, coordenador de sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ressaltou que o agronegócio brasileiro tem desempenhado um papel vital na produção global de alimentos, ao mesmo tempo em que equilibra eficiência produtiva, preservação ambiental e práticas inovadoras. Ananias destacou o histórico de conquistas do setor e os desafios futuros, especialmente com a aproximação da COP 30, que será sediada no Brasil.

Do crescimento à sustentabilidade

O agronegócio brasileiro passou por uma transformação significativa nas últimas décadas. “Há 40 anos, éramos um país importador de alimentos, e hoje somos um dos principais fornecedores para mais de 100 países”, afirmou Ananias. Ele explicou que o desafio atual é produzir mais com menos, utilizando apenas 7% do território nacional para a agricultura, enquanto mantém práticas de conservação ambiental que garantem a preservação de florestas e recursos hídricos.

Segundo Ananias, essa eficiência surpreende o mundo. “A produção de três safras por ano em um país tropical, aliada à preservação de 80% das propriedades, é um exemplo único de agricultura sustentável”, comentou. Isso, no entanto, também traz o desafio de comunicar de forma mais eficiente as boas práticas do agronegócio brasileiro tanto para o público nacional quanto internacional.

Tecnologias ABC e o futuro do agro

Um dos pontos de destaque na conversa foi a adoção de tecnologias de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que têm contribuído para a redução das emissões de gases de efeito estufa. “O plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a recuperação de pastagens degradadas são exemplos claros de como o agro brasileiro já está alinhado às metas de sustentabilidade”, explicou Ananias.

Ele ressaltou que, mesmo sem um mercado de carbono formalizado, os produtores brasileiros já estão contribuindo significativamente para as metas do Acordo de Paris. “Agora, o desafio é garantir que essas ações sejam reconhecidas e recompensadas, abrindo novas oportunidades de mercado, como o pagamento por serviços ambientais (PSA).”

Preparativos para a COP 30

A COP 30, que será realizada em Belém, no Pará, será uma oportunidade histórica para o Brasil mostrar ao mundo a contribuição do seu agronegócio para a sustentabilidade global. Ananias destacou a importância de garantir que o setor esteja bem representado, com dados transparentes e verificáveis sobre o impacto positivo das suas práticas.

“A COP 30 será o momento de mostrar ao mundo o que já fazemos em termos de sustentabilidade. Queremos demonstrar que o Brasil é um exemplo de agricultura tropical sustentável, capaz de alimentar o planeta e conservar os recursos naturais ao mesmo tempo”, concluiu Ananias.