Para atingir neutralidade de carbono, mundo precisa de planos limpos e viáveis
A ciência do clima nunca foi tão precisa e tão clara: a influência humana sobre o clima é um fato estabelecido e indiscutível e a hora de agir é agora.
A ciência do clima nunca foi tão precisa e tão clara: a influência humana sobre o clima é um fato estabelecido e indiscutível e a hora de agir é agora. Embora alguns impactos climáticos não sejam mais reversíveis, como no caso do derretimento de geleiras e elevação do nível dos oceanos, o cenário geral ainda não está definido e essa é a grande mensagem deste relatório: as escolhas que fizermos agora determinarão nosso futuro. Limitar o aumento da temperatura em níveis relativamente seguros ainda é cientificamente possível. O que fizermos agora, o que empresas e políticos fizerem agora definirá nosso futuro.
Estamos no início da década mais decisiva da História para a ação climática. Com o novo relatório do IPCC, temos a mais abrangente e certeira avaliação do estado do clima no mundo e do que está por vir, dependendo do curso que escolhermos agora. Nos cenários de menor ação climática, as perspectivas são desastrosas: cada meio grau adicional de aquecimento global causa um aumento estatisticamente significativo nos extremos de temperatura.
O que o mundo está vivendo em 2021 já é afetado por um aumento médio de 1°C na temperatura e as perspectivas de curto prazo não são animadoras: o novo relatório do IPCC mostra que o mundo ultrapassará a meta de 1,5°C já na próxima década, antes do previsto pelo relatório anterior. Isso não significa que a meta de 1,5°C no longo prazo esteja comprometida.
Ainda é tempo
Embora os níveis de aquecimento global de 1,5°C e 2°C acima dos níveis pré-industriais sejam excedidos até o final do século 21 em todos os cenários projetados pelo IPCC, o cenário de menor emissões mostra que no longo prazo o limite de 1,5°C ainda é possível – e essa é a boa notícia e também o principal alerta que este relatório traz: não podemos abrir mão dessa meta. Não podemos permitir que interesses pessoais, eleitorais e setoriais se sobreponham aos interesses da humanidade presente e futura.
Todos os cenários analisados pelo IPCC apontam para uma mesma conclusão: é preciso cortar emissões e cortá-las o mais rápido possível. Para isso, é preciso que todos se empenhem para alcançar a neutralidade de carbono antes de 2050: governos nacionais, subnacionais e empresas devem estabelecer planos consistentes, com ações concretas imediatas e metas intermediárias.
Para o Brasil e demais países da bacia amazônica, o conteúdo do relatório do IPCC traz alertas adicionais: ele confirma que já não basta zerar as emissões – é preciso remover o carbono já existente na atmosfera. Como a floresta amazônica é um dos grandes sumidouros naturais de carbono do planeta, sua preservação é mais importante que nunca.