Pará recebe aporte de R$ 950 mil para projetos de sociobioeconomia
Recursos do projeto Inova Sociobiodiversidade serão investidos em capacitação e inovação para comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais
Estão abertas as inscrições em três editais que têm o objetivo de fomentar o empreendedorismo e a inovação na cadeia da sociobioeconomia paraense, em especial de jovens e mulheres de comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), e a The Nature Conservancy Brasil (TNC).
A iniciativa, batizada como “Inova Sociobiodiversidade”, faz parte do projeto “Preparando um Território Sustentável Carbono Neutro” do governo paraense, estruturado com apoio técnico da TNC, com o objetivo de contribuir com a transição para uma economia de baixo carbono no Pará.
Os editais, disponíveis desde a última quinta-feira (17), são voltados para selecionar organizações, ligadas às comunidades, interessadas em oferecer atividades de capacitação visando motivar negócios sustentáveis relacionados às cadeias de valor da sociobiodiversidade.
Podem participar organizações ligadas às comunidades tradicionais, que queiram desenvolver projetos de capacitação em empreendedorismo e inovação voltados para esses públicos e para o desenvolvimento da economia da floresta em pé. As propostas devem ser enviadas até 21 de abril nos moldes e e-mails descritos em cada edital. As vencedoras deverão executar as atividades entre maio deste ano e fevereiro de 2023. Cada projeto deve capacitar no mínimo 120 pessoas.
De acordo com a diretora de Bioeconomia da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará, Camille Bemerguy, existe um forte compromisso do estado em promover o desenvolvimento socioeconômico e sustentável dos povos indígenas, quilombolas e comunidades locais.
“É importante pensarmos em soluções para a economia de baixo carbono, apoiando o empreendedorismo jovem e a inovação nas cadeias de produção da sociobiodiversidade que ajudam a manter a floresta em pé e o equilíbrio climático”, detalha Bemerguy.
Para assegurar o desenvolvimento dos projetos foram alocados R$ 950 mil distribuídos nos três editais, sendo R$ 350 mil para o edital voltado a povos indígenas, R$ 300 mil para quilombolas e R$ 300 mil para comunidades bioextrativistas que vivem em territórios coletivos. A execução dos recursos conta com o apoio da TNC, que irá auxiliar o processo seletivo.
Segundo a gerente adjunta da Estratégia de Povos Indígena e Comunidades Tradicionais da TNC, Juliana Simões, investir em capacitação é extremamente importante para despertar nos jovens da floresta o empreendedorismo social e a curiosidade para o desenvolvimento de inovações.
“Nosso objetivo, nessa parceria, é motivar novos negócios nas comunidades indígenas e tradicionais que queiram incorporar novas tecnologias sociais que aprimorem os produtos e serviços da sociobiodiversidade, capazes de gerar impactos sociais, econômicos e ambientais positivos e transformadores”, destaca a especialista da TNC.
O potencial da sociobioeconomia
Em outubro, um estudo divulgado pela a TNC, em parceria com o BID e a Natura, mostrou o potencial da economia da floresta. Intitulado “Bioeconomia da Sociobioediversidade do Pará” e coordenado pelo professor Dr. Francisco de Assis Costa, do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (NAEA/UFPA), o estudo mostrou que a sociobioeconomia paraense tem potencial para gerar mais de R$ 170 bilhões em renda em 2040 com as cadeias produtivas do açaí , cacau-amêndoa, castanha, copaíba, cumaru, andiroba, mel , buriti, cupuaçu e palmito.
Editais
Os editais foram separados por público de forma a garantir o envolvimento e a participação de organizações de todas essas comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas. Além disso, a elaboração contou com o apoio de representantes de cada um dos públicos.
Para a vice-presidente do Memorial Chico Mendes e coordenadora Estadual do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) no Pará, Edel Moraes, a inclusão dos representantes das comunidades na elaboração dos editais é fundamental para atender as necessidades e expectativas de cada um.
“Também houve a preocupação em envolver jovens e mulheres nas capacitações, por isso, em cada um dos editais há a obrigatoriedade de garantir tais participações. Em todas as capacitações, 60% das vagas devem ser preenchidas por pessoas com idades entre 15 e 29 anos e pelo menos 50% do total de participantes devem ser mulheres”, informa Edel.
Confira os editais
Edital Inova Sociobiodiversidade para Comunidades tradicionais
Edital Inova Sociobiodiversidade para Povos Indígenas
Edital Inova Sociobiodiversidade para Quilombolas
Fonte: assessoria