Possível Êxodo Rural no Rio Grande do Sul pode significar graves consequências sociais

Com a intensificação do êxodo rural, principalmente após as enchentes no Rio Grande do Sul, a agricultura brasileira enfrenta desafios significativos que exigem ações imediatas para evitar a descontinuidade da produção e o aumento da pobreza urbana.

O êxodo rural, que se intensificou no Brasil durante as décadas de 1970 e 1980 com a industrialização, continua a ser um fenômeno preocupante, especialmente no contexto das recentes enchentes no Rio Grande do Sul. Soraya Tanure, professora adjunta da UFRGS, alerta para as consequências devastadoras dessa migração para as cidades.

“Estamos vendo uma saída massiva das pessoas do campo para as áreas urbanas, algo que tem sido agravado pelas enchentes recentes no Rio Grande do Sul. Isso está criando vazios demográficos e ameaçando a continuidade da produção agrícola”, afirma Soraya.

Os dados do Banco Mundial de 2022 confirmam que muitos brasileiros continuam a deixar o campo em busca de melhores condições de vida nas cidades. Soraya destaca que “as pequenas propriedades foram as mais afetadas, e são justamente elas que produzem itens essenciais como carne de frango, suína, fumo, leite e hortifrutigranjeiros. A destruição dessas propriedades vai gerar um aumento expressivo nos preços no varejo.”

A especialista também ressalta a gravidade das consequências sociais do êxodo rural. “O abandono das atividades nas pequenas propriedades e a migração para a cidade criam um cenário de desemprego e pobreza urbana. Os produtores rurais são especializados na produção primária e dificilmente conseguem emprego nas cidades, onde a oferta de vagas é escassa e exige experiência que eles não possuem.”

Soraya aponta para a necessidade de ações imediatas e coordenadas entre o setor público e privado. “Precisamos de um grande aporte financeiro para o setor rural, incluindo a aprovação de linhas de crédito com juros baixíssimos e a prorrogação de dívidas. Além disso, é essencial fornecer assistência técnica qualificada aos produtores para que possam reconstruir suas vidas e continuar produzindo.”

Ela também enfatiza o papel da tecnologia na revitalização do campo. “A tecnologia já chegou ao campo e pode ser o grande trunfo para atrair e manter jovens na atividade rural. Quanto mais jovens inseridos na produção de alimentos, mais garantida estará a segurança alimentar do Brasil a longo prazo.”

Soraya conclui com uma mensagem de esperança: “Se adotarmos as medidas corretas, o Rio Grande do Sul pode se reerguer. É essencial valorizar nossos produtores rurais e garantir a continuidade da produção agrícola, não apenas para a economia local, mas para todo o Brasil.”