Um plano de restauração ambiental e preservação de nascentes está beneficiando produtores da região do Córrego Pontinha, nas proximidades do município de Coxim, em Mato Grosso do Sul.
E uma das técnicas mais eficientes desenvolvidas na região é a construção de curvas de nível. A técnica tem a capacidade de evitar a erosão e garante um solo produtivo para as atividades agropecuárias.
Inclusive, foi a experiência de um tradicional pecuarista da região com a técnica que deu origem ao projeto. O produtor Ildefonso José Almstaldn, atua com a produção de proteína animal há 40 anos na cidade de Coxim e adotou as curvas de nível em sua propriedade há 12.
“Quando não tem curva [de nível] desce areia, desce cascalho, desce tudo e tampa as nascentes, prejudica as nascentes. (…) Geralmente se faz curvas em lugar de agricultura, mas aqui é só pecuária e eu fiz, comprei trator e comecei a fazer as curvas”, conta o produtor.
A iniciativa devolveu água para um local onde o recurso já havia secado na fazenda de Ildefonso. E esta ação inspirou o projeto de restauração ambiental da Microbacia do Córrego Pontinha, coordenado por entidades públicas e privadas para recuperar áreas da região.
Restauração da Microbacia do Córrego Pontinha
O projeto piloto de restauração da Microbacia do Córrego Pontinha começou há aproximadamente um ano e já tem 107 produtores envolvidos em uma área de 2.400 hectares.
“Os critérios que nos levaram, que levou todo o projeto a selecionar essa microbacia do Córrego Pontinha, aqui em Coxim, foi justamente o mais grave, que foi o déficit hídrico. Nós tínhamos uma escassez hídrica nessa região muito crítica e isso foi um dos fatores que levaram a gente a selecionar essa microbacia”, conta Oscar Serrou Camy, gestor de desenvolvimento rural na Agraer.
Os planos são expandir o projeto para recuperar toda a bacia do Rio Taquari, da qual o Córrego Pontinha faz parte. “A bacia do Rio Taquari tem cerca de 2,8 milhões de hectares, então é bastante grande, com o solo muito frágil e muito fácil de se erodir. Então a gente vem trabalhando com várias layers dentro de um projeto de recuperação do Rio Taquari através de ações junto aos produtores e junto ao estado”, explica Rodney Guadagnin Santos, gerente operacional do Instituto Taquari Vivo.
Conscientização
O gestor Oscar Camy explica que os pecuaristas e agricultores já estão conscientes da importância da preservação ambiental para o planeta e também para o desenvolvimento da atividade agrícola.
“O produtor atualmente já tem uma consciência do que tem em mãos e de que ele tem que preservar os recursos se não a atividade vai estar comprometida. Então o recurso solo é o recurso mais importante e ele tem essa consciência de que se ele não conservar e não preservar, a própria sustentabilidade dele na atividade vai estar comprometida”.
E esse comprometimento dos produtores rurais precisam ser reconhecidos pelas pessoas. “É importante que a gente tenha esse reconhecimento da sociedade, vendo o produtor como um produtor de recursos naturais que abastece a cidade”, finaliza Camy.