Primavera 2024: La Niña se atrasou, mas impactos climáticos já são sentidos no Brasil

Apesar do atraso do fenômeno La Niña, a primavera 2024 traz temperaturas acima da média e secas intensas, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, enquanto o Sul e Sudeste apresentam boas previsões de chuva para o trimestre.

A primavera de 2024 começou com temperaturas elevadas e um cenário climático que preocupa produtores e especialistas. De acordo com o meteorologista Arthur Muller, a influência da La Niña está se configurando lentamente, mas já impacta várias regiões do Brasil. Este fenômeno, que resfria as águas do Oceano Pacífico, tende a reduzir as chuvas no Norte e Centro-Oeste, ao mesmo tempo em que favorece volumes de chuva dentro ou acima da média no Sul e Sudeste.

“O fenômeno La Niña ainda está se formando, mas o Oceano Índico e o entorno do Pacífico seguem muito aquecidos, o que tem atrasado seu impacto completo. No entanto, já vemos as consequências da seca no Norte e Centro-Oeste, enquanto outras regiões, como o Sudeste, podem se beneficiar com chuvas regulares nos próximos meses”, destacou Arthur.

Seca Alerta no Norte e Incêndios em Alta

Na Amazônia, a seca continua a castigar o Rio Madeira, cujo nível de água caiu drasticamente, chegando a apenas 40 centímetros em alguns trechos. “O nível do Rio Madeira está muito abaixo do esperado, dificultando a logística e aumentando o risco de incêndios. Nos últimos meses, houve um aumento de 100% nos focos de incêndio em comparação com o mesmo período de 2023”, explicou o meteorologista, citando dados do INPE.

Essa seca persistente na região Norte deve continuar até a segunda quinzena de outubro, quando as chuvas começarão a retornar, ainda assim, abaixo da média histórica.

Boas Previsões para o Sul e Sudeste

Enquanto o Norte e parte do Centro-Oeste enfrentam seca, regiões como Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo podem contar com boas chuvas nos próximos meses. “O Sudeste, especialmente de Mato Grosso para baixo, verá chuvas dentro ou acima da média, o que deve favorecer o planejamento das safras 2024/2025”, disse Muller.

No Rio Grande do Sul, apesar de a chuva também vir abaixo da média, espera-se que a umidade do solo se mantenha favorável ao cultivo.

Preocupações com o El Niño Recente

Muller também destacou a diferença entre o atual panorama e o do ano passado, quando o El Niño dominava as condições climáticas, trazendo temperaturas muito altas e distúrbios atmosféricos em várias regiões do Brasil. Agora, o La Niña apresenta um cenário oposto, mas que ainda traz desafios.

“Apesar de estarmos vendo a formação de uma La Niña, o impacto será muito mais moderado do que o registrado em fenômenos anteriores. Esperamos que as temperaturas sigam acima da média, mas sem influências climáticas tão severas como em 2023”, concluiu.