Produtores holandeses protestam contra excessos em regularização ambiental
Medidas propostas pelo governo do país podem reduzir produção pecuária em 30% e causar até a estatização das fazendas
Centenas de produtores holandeses foram às ruas nas últimas semanas levando tratores e bloqueando centros de distribuição de supermercados. Os atos são em protesto às rígidas regras de regularização ambiental propostas pelo governo do país.
O plano do governo holandês é cortar as emissões de nitrogênio em 50% até 2030. O problema é que para atingir essa meta será necessário reduzir a produção pecuária em 30%, diminuir drasticamente o uso de fertilizantes e, até mesmo, estatizar fazendas, uma vez que haverá incentivos para compra de terras que não se adequarem às regras.
Em participação ao vivo no Planeta Campo, o especialista em marketing rural, José Luiz Tejon, avaliou que a responsabilidade pelos impactos ambientais não deveria ficar apenas na conta dos produtores rurais.
“A análise ambiental na cadeia produtiva do agronegócio tem que envolver tudo o que acontece antes da porteira, o que acontece dentro da porteira e o que acontece depois da porteira, inclusive chegando até o consumo final, [em relação ao] desperdício. Aí você passa a ter uma real visão de administração ambiental. Não pode ficar chamando e colocando os agricultores como sendo os patinhos feios da história”, afirmou Tejon.
De acordo com o especialista, alguns estudos de impactos ambientais mostram que as atividades realizadas dentro das fazendas correspondem a menos do que 20 a 25% do total dos impactos. “Portanto, é necessário melhorar a sustentabilidade ambiental ao longo da cadeia inteira para que não se coloque a carga total da necessidade de cuidados ambientais nas costas, exclusivamente, dos agricultores. Aí dá isso, dá uma revolta”.
Alternativas sustentáveis
Tejon ressaltou que “aqui no Brasil nós temos um plano de agricultura de baixo carbono, temos Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Nós temos coisas aqui no Brasil muito bem adiantadas nesse quesito [de produção sustentável]”.
Além disso, vale ressaltar as possibilidades de utilização de bioinsumos e a produção de biocombustíveis e bioeletricidade a partir dos rejeitos da produção agrícola.
“Esse campo do biodigestor, do biometano, do biofertilizante, é um campo maravilhoso para o ponto de vista de redução de impactos ambientais e o Brasil vai crescer extraordinariamente nisso. E lá [na Europa] eles têm, eu vi uma iniciativa dizendo `precisamos resgatar consideravelmente a produção do biogás natural e renovável dentro das fazendas´. Este caminho, por exemplo, é um caminho extraordinário para atender o desejo dos ambientalistas mais fervorosos do mundo. Então tem que fazer isso, dar apoio, educação, estimular e permitir que todo mundo consiga fazer essa transformação para o biogás, que é realmente maravilhoso e aqui no Brasil vai crescer muito”, analisa Tejon.