Manejo adequado em viveiro protege sumaumeira de grave doença
Uma árvore gigante e doadora de vida para o ecossistema em que vive (armazena muita água), a sumaumeira é frágil em viveiro, onde a contaminação por fungos pode evoluir para a morte das mudas.
O controle de uma das doenças mais prejudiciais ao cultivo da sumaumeira ou samaumeira (Ceiba pentandra) – imponente e lendária espécie arbórea da Amazônia, de elevado valor ecológico e comercial – é o assunto de nova publicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), recém-lançada em versão digital no portal da instituição na internet, com acesso livre ao público.
O estudo exposto na circular técnica Antracnose da sumaumeira: descrição e manejo em mudas enviveiradas (acesso direto aqui) auxilia produtores a reduzirem o risco de prejuízo causado pelo impacto letal da doença. A orientação é prevenir a partir de cuidados básicos com as plantas e com o ambiente em que se desenvolvem, sem emprego de produtos agroquímicos.
Apesar de destinada a se tornar uma árvore gigante (cerca de 50 metros, altura semelhante a um prédio de 16 andares) e doadora de vida para o ecossistema ao redor (armazena muita água), a sumaumeira é frágil em viveiro, ambiente onde a contaminação por fungos da espécie Colletotrichum capsici pode evoluir rapidamente para a morte das mudas por antracnose.
Medidas preventivas
“A antracnose é uma doença comum em viveiros, mas na sumaumeira manifesta-se de forma muito agressiva, podendo causar perda total das mudas em poucos dias”, explica a engenheira-agrônoma Ruth Linda Benchimol, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e autora da publicação.
De acordo com a pesquisadora, a equipe envolvida nesse trabalho procura meios de combater a antracnose dentro do contexto sustentável das atividades florestais. “Pesquisamos medidas de controle preventivas e produtos alternativos ao uso de agroquímicos, como extratos vegetais, estes ainda em estudos”, informa a autora, lembrando que não existem produtos para controle químico dessa doença na sumaumeira registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Cuidados essenciais
As práticas de manejo destacadas na circular técnica Antracnose da sumaumeira: descrição e manejo em mudas enviveiradas, complementadas com fotos ilustrativas dos sintomas, revelam a importância da prevenção. Uma das orientações é planejar as medidas preventivas com base nos fatores de predisposição à ocorrência da doença no viveiro, entre eles o alto grau de umidade no local em decorrência do próprio clima amazônico e da grande necessidade de água que caracteriza as mudas de espécies florestais enviveiradas.
Os principais cuidados divulgados são: “instalar o viveiro em local arejado com sombreamento apropriado, evitar área sujeita a alagamento, utilizar substrato adequado e livre de contaminação, evitar estresse nutricional ou hídrico das plantas, inspecionar o viveiro para eliminar as plantas com sintomas de doenças, evitar o adensamento das mudas, descartar as mudas que não forem levadas para o campo, fazer a rotação de espécies enviveiradas e desinfestar as ferramentas agrícolas”.
Arborização urbana
Imortalizada em lenda sobre seu poder de proteção da floresta e seres que nela habitam, também conhecida pelos nomes populares de sumaúma e samaúma, a espécie vem sendo utilizada em projetos de plantios silviculturais e programas de reflorestamento e restauração ambiental na Amazônia.
Em Belém, por exemplo, a sumaúma é uma das árvores que constam no Manual de orientação técnica da arborização urbana de Belém, instituído em 2013 e que contou com a participação da engenheira florestal Noemi Vianna Martins Leão, também autora da nova publicação e pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental.
A qualidade da madeira de sumaumeira é reconhecida mundialmente, com uso na construção de embarcações e produção de celulose, entre outras utilidades, o que torna fundamental a produção de mudas sadias para atender demandas da cadeia produtiva dessa espécie.
A circular técnica também está disponível para download via Infoteca-e, repositório das publicações técnico-científicas da Embrapa. São também coautores o engenheiro-agrônomo Sérgio Heitor Sousa Felipe (professor da Universidade Federal Rural da Amazônia-Ufra), Raquel Giseli Assis do Rosário (graduanda de Agronomia na Ufra), a engenheira florestal Renata Sena Cardoso e a engenheira-agrônoma Carina Melo da Silva (professora na Ufra).
Com informações da Embrapa